Cidades

O que a lei deve fazer com o coach picareta?

Preciso ser bem franco: desde a primeira vez que ouvi que um conhecido tinha largado…

Coach coloca em risco vida de seguidores em escalada no Pico dos Marins (SP) / Foto: Reprodução Redes Sociais
Coach coloca em risco vida de seguidores em escalada no Pico dos Marins (SP) / Foto: Reprodução Redes Sociais

Preciso ser bem franco: desde a primeira vez que ouvi que um conhecido tinha largado sua carreira para ser coach, não entendi bulhufas. Nunca tinha ouvido essa expressão a não ser como tradução de técnico ou de treinador vindo do inglês. E o rapaz veio me explicar o que fazia um coach e, vai que cola, tentando me vender o serviço para ser meu coach.

Ouvi educadamente, fingi interesse e mostrei minha surpresa com a virada na vida que o cara empreendia. Afinal, ele estava abdicando de uma trajetória consolidada e na ascendente para começar um novo caminho como coach.

Respondi para ele, meio que fazendo piadinha e meio que dizendo a verdade, que não gostaria de terceirizar as cagadas da minha vida. Se a vida é minha, quem a estraga sou eu. Não deixo coach nenhum destruir aquilo que é de minha responsabilidade. Demos umas gargalhadas e a vida seguiu.

Eu me lembrei de tudo isso quando vi a notícia do coach que com sua picaretagem quase proporcionou uma tragédia no Pico dos Marins. O cara foi longe demais na conversinha da autoconfiança e da determinação e não percebeu que a realidade é mais complexa do que a força de vontade de qualquer um.

Nem toda determinação do mundo salva a vida de um idiota que se oferta ao risco estúpido. E foi isso que aconteceu na irresponsável escalada liderada por esse coach picareta. Em seus posts das redes sociais, ele se orgulha de ser irresponsável. Tenta transformar a porralouquice em virtude. E menoscaba o trabalho dos bombeiros que se colocaram em risco para fazer um resgate de alta periculosidade por conta de um bando inspirado pela retórica canalha do tal do coach.

Que seja severamente punido nos rigores da lei.

E voltando ao rapaz que mudou de vida para ser coach, hoje, uns oito ou dez anos depois daquela conversa, o cara não é mais coach e voltou a trabalhar com aquilo que fazia. De certo, não foi determinado e nem irresponsável o suficiente para lograr êxito em sua nova carreira. Vai saber…

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás