Parece que o transporte coletivo de Goiânia começa a querer melhorar

Antes tarde do que mais tarde ainda. A passos de formiga e sem vontade, o transporte coletivo de Goiânia começa a apontar para um futuro mais promissor. Ouvi muito AC/DC e sei que it’s a long way to the top if you wanna rock n’ roll. Mas para toda trajetória longa, o primeiro passo é fundamental. E, no caso do transporte coletivo da região metropolitana da capital, implantar a cobrança diferenciada por distância é essencial para melhorar a qualidade do sistema.

A ideia de cobrar a metade do valor da passagem para viagens de distância inferior a cinco quilômetros é muito boa. Atinge vários problemas de uma única vez. A vantagem que se destaca no primeiro olhar é que barateia para quem faz viagens curtas. Esse público foi o que mais migrou dos ônibus para os aplicativos. Com a crise do serviço de Uber e 99 que levou ao encarecimento dos serviços aliado à piora da qualidade, o ônibus voltou a ser a possibilidade de transporte para quem faz esses curtos trajetos. Com a passagem mais barata, esse passageiro é incentivado a voltar para o transporte coletivo.

Com isso, dá para pensar numa lógica mais justa de cobrança de tarifas, que é a da tarifa correspondente à distância percorrida. Com todo respeito à população do entorno de Goiânia, mas é completamente absurdo alguém que sai, por exemplo, do Negrão de Lima para a Praça Universitária pagar o mesmo valor de quem parte do Negrão de Lima para Nerópolis. Não há racionalidade nessa cobrança. Quem faz o trajeto mais curto subsidia quem anda mais. Não é justo.

Essa mudança sinaliza uma tentativa de modernizar a lógica do funcionamento do transporte coletivo de Goiânia. O caminho certo começou a ser trilhado. O próximo passo é criar um fundo, construído a partir de cobrança feita de quem usa o transporte individual, para custeio do sistema público.

Sei que a batalha política para a aprovação de algo assim não é fácil, mas é necessário comprar essa briga. Só assim teremos um transporte coletivo mais digno para a região metropolitana de Goiânia.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa – Mais Goiás