O difícil equilíbrio das relações contratuais em tempos de Covid-19

A Pandemia e os contratos escolares

Talvez uma das mudanças mais profundas que assistimos na rotina das pessoas em decorrência da…

Talvez uma das mudanças mais profundas que assistimos na rotina das pessoas em decorrência da pandemia, tenha sido a interrupção das atividades escolares fora de casa. Com a impossibilidade de que crianças e adolescentes mantenha a rotina de frequentarem as escolas, o cotidiano dos lares foi significativamente alterado.

Essa alteração não foi só quanto a logística das atividades, mas um dos pontos mais críticos desse cenário é justamente a manutenção do custo com a escola, quando falamos das escolas particulares, enquanto a prestação de serviço não pode ser entregue da forma como fora contratada.

De um lado as escolas que precisam manter o fluxo de caixa até pra que tenham recursos suficientes para pagar seus professores e do outro lado os pais que em grande parte, tiveram redução dos seus ganhos.

Antes de tudo é preciso lembrar que esses são extremos de uma “corda”, de uma relação, que se optarmos por tentar resolver no cabo de guerra, a possibilidade mais realista é de a corda arrebente e não haja qualquer solução minimamente satisfatória.

Antes mesmo da relação contratual é bom sempre lembrar que existe ali também uma relação comercial e que a Pandemia vai ter fim, já as nossas relações podem ser mantidas e precisam ser mantidas, até pra que os negócios voltem a “girar”.

Com essas considerações em mente, o momento é de negociações e um elemento que acaba dificultando isso em muitos casos, é a ausência de um contrato que seja pensando com esse intuito. A utilização de contratos que replicam cláusulas padrões e que não “pensam” nos cenários mais adversos, nos deixam com poucos recursos quando aquilo que era inesperado se torna a realidade.

O contrato deve sempre estar fundamentado na boa fé objetiva e no equilíbrio das partes, quando a prestação e serviço é modificada ou reduzida, a contraprestação também deve ser readequada justamente para que não haja dano em excesso para uma das partes.

Cada família vai enfrentar um cenário diferente, algumas que se adaptaram a essa nova realidade, outras não, escolas que conseguiram migrar pra um novo formato de ensino de modo eficaz e outras que não conseguem entregar o serviço contratado. Em todos os cenários a avaliação deve ser feita com bom senso e principalmente com a perspectiva de que no sistema em que nós estamos, quando um extremo perde, todos perdem, então a única saída é pensar em alternativa em que todos percam o mínimo possível.