Está pronto para o concurso? Descubra antes de se inscrever
A longa preparação para um concurso carrega o peso da insegurança de estar ou não competitivo para a avaliação.

A grande maioria dos concurseiros descobre se está ou não preparado para a prova do concurso quando o gabarito é divulgado, dias depois da aplicação da avaliação. É uma estratégia nada eficiente, porque o diagnóstico de competitividade deve ser feito ainda antes da inscrição.
Saber identificar se há condições reais de competir com chances de aprovação pode fazer toda a diferença entre uma inscrição acertada e uma frustração desnecessária. Até quando a intenção é realizar uma prova como parte do processo de aprendizagem sobre todo o processo, as expectativas devem estar alinhadas e as métricas de autoavaliação precisam ser definidas.
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Plano de carreira
Nem toda chance é oportunidade. Apesar da crescente oferta de vagas com os mais diversos perfis, cargos e órgãos, nem toda oferta irá se encaixar com um plano de carreira que cada pessoa gostaria de exercer. Ao contrário do que muitos pensam, não é só a remuneração e a quantidade de postos abertos que deve ser levado em consideração para escolher que concurso se preparar. O tempo de preparação é sempre bastante inferior ao tempo de exercício do cargo pretendido e é algo que precisa estar constantemente sendo contabilizado nessa equação de escolha.
Ao analisar um edital publicado ou da última seleção, é importante estar atento a aspectos como as disciplinas que serão cobradas, a distribuição de pontos dos conhecimentos básicos e específicos, a existência ou não de uma etapa discursiva. Todas essas informações estão no documento que delineia as regras do jogo.
Uma vez feita a leitura atenta do edital em todos os seus detalhes, o passo seguinte é destrinchar os conteúdos de cada disciplina, elaborando um simulado com o mesmo perfil de cobrança, nível de escolaridade e banca examinadora. A resolução desse exercício vai apresentar um raio-x e um diagnóstico do que já se tem de bagagem e do que precisará ser estudado, identificando, inclusive, os assuntos que são mais recorrentes.
Ainda que seja um candidato iniciante, é uma tarefa necessária para ganhar similaridade com o estilo de cobrança dos temas em questões avaliativas. Para os mais experientes, tem o papel de filtro para uma revisão mais estratégica.
Provas no radar
Mesmo que a tarefa de casa não tenha sido feita até agora, ainda há tempo para uma autoanálise. Até dezembro há muitas provas agendadas para os concurseiros goianos. Seleções como a da Secretaria de Fazenda (SEFAZ), Ministério Público de Goiás (MP-GO) e prefeituras terão exames importantes entre agosto e setembro. A Universidade Federal de Goiás (UFG) também realiza concurso com prova já marcada para o fim de setembro e o Concurso Nacional Unificado (CNU) aplicará as avaliações em outubro e dezembro. Um check-up da preparação na reta final ajuda a calibrar os últimos ajustes para aproveitar melhor as oportunidades oferecidas pelas seleções.
Tanto do ponto de vista técnico quanto emocional, avaliar o próprio preparo é analisar o desempenho em questões resolvidas, a consistência dos estudos e a segurança de quem escolheu um cargo que se identifica (até quando se trata de um degrau para passos maiores). Portanto, esqueça métricas como “horas líquidas de estudo”, por exemplo. Nenhuma seleção vai questionar quanto tempo foi dedicado a aprender os conteúdos.
O lado técnico: você está competitivo?
A boa notícia é que, para ser competitivo, não significa saber tudo que um edital cobra. Significa dominar os assuntos mais cobrados, ter bom ritmo de resolução de questões e manter um desempenho em crescimento consistente nos simulados. No universo dos concursos, competir é uma realidade e se destacar — o que significa estar cada vez mais próximo da aprovação — exige estratégia.
- Simulados com correção realista:
Uma das ferramentas mais eficazes para medir o preparo técnico. E ainda mais importante é a correção. Não basta saber o que acertou e o que errou, é necessário identificar se aquele acerto foi ou não consciente, não um chute. Assim como os erros precisam ser analisados: era algo que ainda não foi aprendido, fruto de uma distração ou falta de assimilação? Cada resposta direciona o nível de profundidade da revisão, o passo seguinte e essencial. - Domínio dos temas mais cobrados:
É ilusão tentar estudar “tudo”. Editais são longos e, muitas vezes, genéricos. O ideal é mapear os conteúdos mais recorrentes nas últimas provas e investir neles. Os temas mais frequentes mudam conforme a banca e a própria elaboração dos simulados com portais de banco de questões vão colaborar com essa identificação. O peso das disciplinas informado no edital também precisa ser levado em consideração. - Métricas de acerto:
As métricas de aproveitamento positivo dos simulados é um grande indicativo de competitividade. Porém, não adianta acertar 80% de uma disciplina e 20% de outra. Adote como referência o objetivo de 75% de acerto consciente como referência para saber que está dependendo muito mais do resultado da própria preparação do que dos demais candidatos.
Preparo emocional: matéria que não está no edital
Não basta estar com os estudos em dia: a saúde emocional também pesa no resultado. Candidatos bem-sucedidos aprendem a lidar com as inseguranças natas ao desafio de se tornar servidor público. Para o dia da prova, alguns indícios indicam que o concurseiro tem estrutura emocional para ser competitivo:
- Segurança na escolha:
Estar seguro de que a escolha de concorrer àquela vaga faz parte dos projetos de carreira têm um peso enorme durante toda a preparação e também no momento da prova. É desta maneira que a avaliação passa a ser mais uma etapa do processo, com menos pressão e menos ansiedade. - Confiança no processo:
Manter uma rotina de estudos com constância e consistência, monitorando periodicamente a dedicação e os resultados dos simulados garantem um estado de maturidade e segurança no momento de avaliação. - Ansiedade sob controle:
O nervosismo do dia da prova é natural e pode ser administrado antes e durante o Dia D. Técnicas simples, como respiração consciente, pausas estratégicas e autocuidado, são ferramentas úteis. Ansiedade em excesso pode travar a memória e prejudicar o raciocínio. - Expectativa realista:
Concursos são processos. Raramente a aprovação vem na primeira tentativa. Ter essa clareza evita frustrações e permite que você encare cada prova como parte do aprendizado. Entender que reprovação não invalida o esforço é essencial.
Quando o melhor é esperar mais um pouco
Se você percebeu que ainda não está pronto, talvez seja mais estratégico esperar um pouco e continuar estudando, focado na próxima oportunidade. Concursos não são provas únicas, mas um ciclo. Cada um tem seu tempo. Às vezes, antecipar a inscrição “para ver no que dá”, por ansiedade, acaba gerando mais desgaste – e frustração – do que benefício.
O clichê “concurso é uma maratona e não uma corrida de curta distância” é verdadeiro. Estar competitivo é uma construção diária que depende muito mais do que do conhecimento para responder corretamente às questões no dia da prova. Depender mais do próprio esforço do que de fatores externos, como a concorrência candidato/vaga e tantos outros, cria uma redoma emocional de segurança que pode ser determinante.
Concurso é um projeto de carreira
É importante lembrar: concurso público não é um atalho. É um projeto de médio a longo prazo que exige preparo técnico, inteligência emocional e planejamento estratégico. Cada etapa vencida aproxima você da vaga desejada. Seja com uma aprovação agora ou com o aprendizado necessário para o próximo edital.
Saber se está pronto é, antes de tudo, um exercício de honestidade consigo mesmo. Mas também é o momento de reconhecer o esforço feito até aqui. Porque, sim, você já avançou bastante — e talvez só precise de mais um passo confiante para alcançar seu objetivo.
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Além de jornalista, Letícia Nobre também é coach de concurseiros desde 2013, e compartilhou seus conhecimentos e orientações em colunas como CBN Goiânia e portal Metrópoles.
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