MERCADO FINANCEIRO

Número de investidores em Goiás cresce e já movimentam R$ 6,9 bilhões

Perfil conservador começa a dar espaço a investimentos mais ousados

Durante muito tempo, falar de investimentos em Goiás parecia uma conversa distante e para um perfil muito específico de pessoas. A tradicional poupança reinava e, em alguns casos, imóveis de aluguel. Termos como diversificação, renda fixa ou previdência privada soavam como jargões para poucos.

Mas essa realidade mudou. Essa transformação veio com mudanças econômicas, avanço da tecnologia, acesso facilitado à informação e, principalmente, pela atuação de empresas que preencheram uma lacuna deixada pelos grandes bancos: investir está muito mais ao alcance do que a maioria das pessoas imaginam.

O goiano aprendeu a investir. Com mais de 170 mil investidores pessoa física e R$ 6,9 bilhões aplicados em investimentos só em Goiás, de acordo com dados da XP Investimentos, o estado emerge como um novo pólo de interesse do mercado financeiro e em franca expansão. É um movimento fruto de uma transformação cultural, estimulada pela disseminação da educação financeira, pela digitalização dos serviços e, claro, por iniciativas locais que conectam a população ao universo dos investimentos.

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Perfil do investidor

Marco Loureiro, sócio e líder da XP no Centro-Oeste, nasceu em Goiás e conhece de perto as particularidades e o potencial da região. Segundo Marco, o investidor goiano costuma ser mais cauteloso, valoriza segurança e estabilidade, mas está cada vez mais aberto a aprender, diversificar e buscar oportunidades além das oportunidades de renda fixa.

“Planejamento financeiro não é para quem tem muito dinheiro. É para quem quer ter tranquilidade”, explica Loureiro. Ele destaca que hoje é possível começar com valores acessíveis – a partir de R$ 50 -, desde que se tenha clareza sobre os objetivos. “Para quem está começando, o primeiro objetivo deve ser a reserva de emergência, depois pensar em outras alternativas”, resume. Ainda assim, Loureiro admite que aos poucos, com mais informações, tem crescido a segurança dos investidores goianos em investimentos de maior risco.

Esse movimento de descentralização também aparece nas histórias de quem decidiu empreender no setor. Daniel de Paula, sócio da Nexgen, é um dos protagonistas dessa mudança. Depois de mais de uma década no mercado financeiro tradicional, decidiu voltar para terra natal e fundar uma assessoria de investimentos em Goiânia com três amigos, com um objetivo claro: levar sofisticação financeira para o interior do país. “As pessoas estavam deixando de ganhar dinheiro ou pagando caro demais por produtos ruins nos bancos. Faltava acesso, não vontade”, explica.

A Nexgen se tornou exemplo de uma nova geração de empresas que acreditam no potencial econômico da região. Hoje, atende principalmente clientes com patrimônios a partir de R$ 30 mil até empresas com cifras bilionárias. “Boa parte de quem atendemos está vinculada ao agronegócio, mas diversos setores entenderam a importância de diversificar os investimentos ”, diz Daniel.

Fundada em 2018, a empresa acumula prêmios de reconhecimento no Centro-Oeste e no Brasil. Como reflexo do crescimento, Daniel está de viagem marcada em outubro para Tóquio, no Japão, para se juntar a outros 49 assessores reconhecidos por seus resultados. O convite será uma comemoração por ter o melhor desempenho na função em 2025, à frente de 18 mil profissionais brasileiros da área.

Diversificação de oportunidades

Os investimentos no mercado financeiro fazem parte da visão de negócios de Luca Cardoso, consultor da Expresso São Luiz. Ele começou a investir pessoalmente no início da trajetória da assessoria de Daniel e seus sócios e, depois, incentivou a empresa de transporte rodoviário a fazer o mesmo. “Desde a época do meu avô já se entendia a importância de não deixar todos os ovos na mesma cesta. Era imóveis e outras frentes para garantir que as mudanças não impactassem tanto a fluidez dos negócios”, relembra ao contar que é a terceira geração a participar dos negócios da Expresso São Luiz.

Agronegócios e taxação dos EUA

Em sua carteira de investimentos, ele incluiu o agronegócio e demonstra preocupação com os impactos das últimas notícias econômicas, como o anúncio de mudança tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos. “A arroba do gado já teve impacto de cerca de 15%, a soja está totalmente no escuro, mas sabemos que irá sofrer também”, comentou. A apreensão aumenta com a falta de anúncios concretos de medidas governamentais para minimizar o cenário. “Há várias especulações, mas ainda não soube de nada concreto. Estamos esperando que algo seja feito para reduzir o que pode ser uma grande perda”, avalia Luca.

Marco Loureiro também comentou sobre o impacto das decisões internacionais. Para ele, a diversificação e o acompanhamento constante são essenciais para proteger a carteira nesses cenários de instabilidade. “Nosso setor de análise está empenhado em analisar os diversos cenários para criar alternativas para atenuar o impacto da taxação. Todo esse conhecimento será repassados aos assessores e aos clientes para que possam lidar com mais essa turbulência do mundo econômico”, afirma Marco.

A coluna Descomplicando viajou para a Expert XP a convite da XP Investimentos.