Shopping

Encarar um shopping antes do Natal é burrice de doer

Cometi a insanidade de ir a um shopping no último domingo, exatamente sete dias antes do Natal

Já fiz muita burrada na vida. Em proporções mastodônticas. Mas o que fiz no último domingo merece um Oscar na disputa por decisões estúpidas. Cometi a estultice sem tamanho de ir ao shopping no domingo que antecede o Natal. Uma prova máxima do meu masoquismo e gosto pelo automutilamento. Senão físico, certamente espiritual.

E a coisa fica toda ainda mais cretina por eu ter tentado ser esperto. Imaginei que seria inteligente sair de casa logo após à final da Copa do Mundo. A ideia era partir com o apito final pois pegaria, na minha tese, o pessoal deixando as mesas depois do jogo. Minha ideia era almoçar, comprar tudo que fosse necessário e me imaginei em casa ainda com o sol se pondo. Que trouxa fui. Só entrei na minha garagem perto das 21 horas.

Logo depois da vitória argentina e consagração do Messi, saímos de casa. A coisa até pareceu que daria certo ao chegarmos no estacionamento do templo do consumismo. Achamos vaga fácil, o que é digno de comemoração tal qual uma taça erguida após 36 anos de fila. Mas o que parecia um dois a zero tranquilo logo teria sua reviravolta. A fila de espera no restaurante era de uma hora e vinte. Sim, 80 minutos. Quase o tempo regulamentar de uma partida de futebol.

Sem baixar a cabeça e aproveitando as brechas da pesada marcação, como um Mbappé escapando pela esquerda, pensamos em adiantar as compras. Foi aí que a coisa degringolou de vez. O meio de campo estava congestionado. O que Tite não fez contra a Croácia, o shopping goianiense que antecede o Natal fez e colocou muitos obstáculos no caminho do Modric aqui.

A vida sabe marcar um atacante destemido. Entrei numa loja, não achei o que precisava. Entrei em outra, as coisas estavam mais caras que na internet. Chequei no site da empresa, a entrega não seria feita antes do dia 24. Quando faltavam só quatro minutos, sim, míseros quatro minutos para dar nosso tempo na fila de espera, dei um basta: “ACABOU, VAMOS PRO RESTAURANTE! A GENTE VAI PERDER A MESA”! 

Saímos driblando crianças em carrinhos automáticos, casais lambuzados de sorvetinhos de fast food, cachorrinhos fofos que agora temos nos ambientes pet friendly de um local que claramente recebia mais gente que o razoável.

Conseguimos a mesa, sentamos e… longos minutos até que um mísero garçom nos atendesse. Não é mole a vida da família brasileira.

Umas duas horas depois, de barriga cheia e com a preguiça que só esse sentimento produz, propus em repactuamento da pauta familiar. Iríamos atrás só daquilo essencial, o que não daria para começar a semana sem. O restante a gente resolveria sabe-se lá como. E até o momento em que escrevo ainda não sei.

Com o aceite geral, tentamos ser mais estratégicos: um resolveria uma coisa, outro partiria para outra pauta. Funcionou bem na prancheta do professor, não na prática. A situação nos corredores havia piorado muito. Mas quando se está no inferno, fomos ensinados a abraçar o capeta. Foi o que fizemos. 

Não tinha como vencer essa partida. O erro foi topar jogá-la. Aceitei a derrota. E fiz uma promessa para mim mesmo que no ano que vem não cometerei o mesmo erro. E você acredita que vou cumprir, né?

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás