AVIÕES

Anápolis receberá caças militares produzidos na Suécia até julho de 2022

A base aérea militar de Anápolis receberá, até o fim do primeiro semestre de 2022,…

A base aérea militar de Anápolis receberá, até o fim do primeiro semestre de 2022, os quatro primeiros caças Gripen produzidos na Suécia e adquiridos para uso operacional pela FAB (Força Aérea Brasileira).Dois deles serão embarcados até dezembro em um navio da Suécia para o Brasil.

Segundo a fabricante Saab, os dois primeiros devem chegar ao país no início de 2022. Serão levados para o Centro de Ensaios de Voo do Gripen, na unidade que a empresa sueca tem em conjunto com a Embraer no parque de Gavião Peixoto (SP).

Ali, pilotos da FAB, da Embraer e da Saab farão ensaios de voo para dar ao modelo o Certificado de Tipo Militar, a autorização para a entrada em uso de fato pelo 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea), em Anápolis.

Como será o início da operação dos caças em Anápolis

“As outras duas aeronaves serão enviadas para a Base Aérea de Anápolis no primeiro semestre de 2022, onde técnicos da FAB irão executar atividades em solo a fim de desenvolver uma familiarização precoce com as aeronaves, para que estejam prontas para operar assim que a certificação militar estiver concluída”, disse Mikael Franzén, chefe de marketing e vendas aeronáuticas da Saab.

O Gripen venceu uma longa competição, dividida em duas licitações, que durou de 2001 a 2013. Em 2014, o contrato para a aquisição de 36 aviões foi fechado por 39 bilhões de coroas suecas (cerca de R$ 24 bilhões hoje), a serem financiados por 25 anos —os valores orçamentários gastos agora entram como crédito.

A expectativa inicial era que os quatro aviões chegassem ao Brasil no fim deste ano. “Planejamos entregar as 36 aeronaves até 2026”, afirmou Franzén.

O primeiro Gripen de uso operacional, já na camuflagem em dois tons de cinza do GDA, foi apresentado pela Saab na semana retrasada.

Ele já traz o IRST, unidade de rastreamentos de alvos por infravermelho, uma pequena bola que fica à frente da cabine do piloto que não estava presente no primeiro modelo que foi enviado ao Brasil, em setembro do ano passado. O instrumento é vital para o combate moderno.

Aquele avião serve à campanha de testes da FAB, e só deverá ser incorporado à frota ao fim deste ciclo, que pode durar anos. Tanto ele quanto os outros quatro ganharam a denominação F-39E, sendo o E a designação de avião para um piloto desta geração do Gripen.

O modelo F, de dois lugares, está sendo desenvolvido em conjunto pela Embraer e pela Saab. Serão oito deles. Ao todo, o plano é fazer 15 aviões da encomenda integralmente no Brasil.

O projeto garante uma transferência tecnológica à Embraer e a outras empresas nacionais, além da FAB, e poderá fazer o país ser parte da cadeia produtiva do avião. Hoje, as principais concorrências que o Gripen disputa são no Canadá (88 aviões), Finlândia (64) e Colômbia (15).

A geração E/F é a terceira do avião sueco, que voa desde 1988 e está em ação desde 1996. Foram feitas 271 aeronaves, usadas em seis países.

No Brasil, o plano é que gradativamente a frota de combate a jato seja unificada no Gripen, substituindo o os caças F-5 e os aviões de ataque a solo AMX. O GDA hoje usa de forma provisória o F-5, que não foi desenhado para missões de interceptação, principal objetivo do chamado Esquadrão Jaguar.

Corte de investimentos no cargueiro KC-390 Millennium

Observadores da indústria apontam que a FAB resolveu passar a tesoura em outra joia de sua coroa, o cargueiro militar KC-390 Millennium, da Embraer. A encomenda de 28 aeronaves foi reduzida para talvez 13, e os valores estão sendo renegociados, um movimento que desagradou muito a empresa brasileira.

Entre militares, corre uma especulação de que a redução de gasto com o KC-390 pode prenunciar o anúncio da compra de uma nova leva de Gripen, como é o desejo da FAB desde os anos 2000. Não há indícios concretos disso ainda.