Bolsonaro convida Moraes para ser vice dele em 2026; ‘eu declino’, responde o ministro
Antes, o ex-presidente havia perguntado ao ministro se poderia fazer uma brincadeira: "É melhor perguntar aos seus advogados"

Em momento descontraído no depoimento acerca da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convidou o ministro Alexandre de Moraes para ser o vice dele na disputa à presidência, em 2026. “Eu declino”, respondeu o magistrado. Os presentes riram da brincadeira.
Antes, Bolsonaro havia perguntado ao ministro se poderia fazer uma brincadeira. Moraes respondeu com bom humor: “É melhor perguntar aos seus advogados.” A resposta também arrancou risos dos presentes.
Vale destacar que o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (STF) até 2030.

Trechos do depoimento
Durante depoimento, Bolsonaro disse que que não procede que ele tenha enxugado a minuta golpista. “Não procede o enxugamento”, respondeu ao ministro Alexandre Moraes. A fala contrapõe depoimento do ex-ajudante de ordens dele, o tenente-coronel Mauro Cid, que afirmou que ele leu e fez alterações no documento. “O presidente recebeu e leu. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, disse Cid diretamente ao ministro, na segunda-feira (9). “Só o senhor continuaria preso”, afirmou.
No começo do depoimento, Bolsonaro defendeu o voto impresso e sua posição de desconfiança com as urnas eletrônicas. Ele, inclusive, citou que o atual ministro do STF Flávio Dino também reclamou do equipamento, em 2010, quando derrotado no Maranhão.
Além disso, ela disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o prejudicou em diversos momentos nas eleições de 2022, pois não pode usar fotos positivas sobre ele mesmo e nem negativos sobre o presidente Lula (PT). Acerca de ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir que pessoas votassem em regiões onde o petista levava vantagem, o ex-presidente declarou que soube apenas que todos puderam votar.
Ainda no depoimento, Bolsonaro disse não ter relação com as pessoas que protestavam na porta dos quartéis. “Melhor ficarem lá, do que virem para a esplanada. O presidente que assumiu poderia ter tomado providência.”
Réu anterior
Antes do ex-presidente, o general do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, optou por exercer seu direito de permanecer em silêncio, só respondendo às questões de seu advogado. Na ocasião, ele disse ao defensor que “é importante que o presidente Bolsonaro colocou que ia jogar dentro das quatro linhas (da Constituição), e eu segui isso aí rigorosamente durante todo tempo em que estive na Presidência”. E ainda: Nunca levei assuntos políticos, tinha de 800 a 1.000 funcionários no GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Nunca conversei com eles sobre assuntos políticos.” O ex-ministro também disse que era “uma preocupação muito grande que o GSI fosse encarado e fosse sentido como organização apolítica e apartidária”.
Questionado pelo advogado se ele espalhou ou contribuiu para espalhar desinformação sobre a votação em urnas eletrônicas, ele negou. “Não, não tinha nem tempo para fazer isso.” Ele também disse não saber do plano golpista intitulado “Punhal Verde e Amarelo” para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. O julgamento foi suspenso às 12h30.
Os próximos réus são:
- Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa.
- Walter Souza Braga Netto, general do Exército ex-ministro da Casa Civil.
Assista AQUI.