Butantan inicia entrega de 1,3 milhão de doses da vacina contra dengue
Imunizante em dose única tem 74,7% de eficácia geral e 100% contra hospitalizações

O Instituto Butantan começa na próxima semana a entregar ao Ministério da Saúde as primeiras doses da vacina brasileira contra a dengue. Ao todo, serão 1,3 milhão de doses destinadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações).
A primeira remessa, de 300 mil doses, será enviada no início da próxima semana. Outras 1 milhão de doses devem ser entregues até o fim de janeiro de 2026. O contrato entre o Butantan e o ministério será assinado nesta sexta-feira (19).
A Butantan-DV é a primeira vacina do mundo em dose única contra a dengue. O imunizante foi aprovado pela Anvisa para pessoas de 12 a 59 anos e apresentou 74,7% de eficácia geral, 91,6% contra casos graves e com sinais de alarme, e 100% de eficácia contra hospitalizações.
Os estudos também mostraram que a proteção dura cinco anos.
A entrega só foi possível porque o Butantan iniciou a produção da vacina antes mesmo da aprovação regulatória, assumindo o risco. O instituto também firmou parceria com a empresa chinesa WuXi para ampliar a produção, com expectativa de aumento significativo da oferta no segundo semestre de 2026.
“Mais um marco importante nessa jornada de conquistas da ciência brasileira. Com a formalização do acordo, daremos início à entrega das doses da vacina contra a dengue. Assim, em janeiro, será possível começar a colocar a vacina no braço dos brasileiros”, afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.
Segundo a estratégia anunciada pelo Ministério da Saúde, as primeiras doses serão destinadas a profissionais da Atenção Primária, que atuam em UBS (Unidades Básicas de Saúde) e em visitas domiciliares. Com a ampliação da capacidade produtiva, a vacinação deve ser estendida ao público geral, começando por adultos de 59 anos e avançando gradualmente até a faixa dos 15 anos.
O Butantan também planeja ampliar a indicação da vacina para outros públicos. A Anvisa já autorizou estudos em pessoas de 60 a 79 anos.
Caso os resultados sejam positivos, o instituto poderá solicitar a inclusão desse grupo nas recomendações. Há ainda estudos em andamento para eventual ampliação da vacinação para crianças de 2 a 11 anos —faixa etária em que os testes clínicos já indicaram segurança do imunizante.
*Via Folha de São Paulo