Cardumes são registrados por banhistas na orla do Rio e chamam atenção nas redes sociais; vídeo
Especialista aponta que, provavelmente, são manjubas ou sardinhas

A presença de grandes cardumes foi registrada ao longo da orla da Zona Sul do Rio de Janeiro nos últimos dias. Os grupos de animais, apareceram como extensas manchas escuras no mar, atraíram a atenção de banhistas, mergulhadores e operadores de drones, que compartilharam imagens nas redes sociais.
Registros feitos na Praia da Urca, no Leme e em outros trechos da orla mostram centenas de peixes nadando próximos à superfície. Em uma publicação no Instagram, um guia turístico que utiliza o perfil Brazil by Sean publicou imagens aéreas do fenômeno e escreveu: “Já viu um cardume desse tamanho? Foi surreal mergulhar no meio desses peixes.”
Diante da repercussão, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) divulgou informações para esclarecer que as manchas observadas não têm relação com poluição. O órgão publicou um vídeo com depoimentos de banhistas sobre o que chamou de “invasão do bem” nas águas. Em um dos relatos, Nayane Queiroz afirmou: “Quando eles estavam mais cedo, nadei por cima deles. Uma sensação muito boa.”
Entenda o fenômeno
Segundo o professor titular do Departamento de Biologia Marinha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Vianna, as manchas começaram a ser observadas no início da semana e são formadas, provavelmente, por manjubas ou sardinhas. Ao jornal O Globo, o especialista explicou que o comportamento das espécies e a profundidade em que nadam contribuem para o efeito visual registrado nas imagens.
“É um cardume que está muito na horizontal, então parece ser muito maior do que é porque está ocupando uma região muito superficial da coluna d’água. O que se vê é reflexo do último período reprodutivo das sardinhas. Nessa época do ano, é um fenômeno comum que, por conta da água mais clara, se torna visível. Ele acontece porque a água do Rio fica mais fria durante o verão. É uma característica nossa. E essa água fria que entra durante esse período de verão, início de primavera, é rica em nutrientes. A água quente é mais leve do que a água fria, que é densa e fica no fundo. Então, quando essa água fria sobe, traz todo aquele nutriente que estava no fundo e enriquece a coluna d’água: fica com mais fitoplâncton, que são aquelas microalgas. Esses nutrientes atraem os cardumes de pequenos comedores de plâncton, como as sardinhas e as manjubas” explicou o biólogo.
Vianna acrescentou que a redução da temperatura da água em praias como Arpoador, Ipanema, Leme e Copacabana está associada ao fenômeno da ressurgência, que favorece a aproximação desses cardumes da costa.
“Todo ano, a gente tem um enriquecimento das águas costeiras do Rio de Janeiro e há aproximação de cardumes de pequenos peixes. A diferença é que, de fato, este ano, esse cardume está muito grande e muito próximo da costa” concluiu.