Criminoso que fugiu de Bangu 6 usando escada improvisada é preso no Rio
Além de Marcelinho Merindiba, capturado nesta manhã, outros dois detentos fugiram da penitenciária Lemos Brito

Um dos três criminosos de alta periculosidade que fugiram através de uma escada improvisada na Penitenciária Lemos Brito, conhecida como Bangu 6, no Complexo de Gericinó, em janeiro deste ano, foi preso na manhã desta segunda-feira em Realengo, também na Zona Oeste do Rio. Marcelo de Almeida Farias Sterque, conhecido como Marcelinho Merindiba, foi o primeiro do grupo a ser recapturado por agentes da Polícia Civil, em ação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e da Divisão de Recapturas da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio (Seap).
No fim de janeiro, além de Marcelinho Merindiba, participaram da fuga Jean Carlos do Nascimento dos Santos, conhecido como Jean do Dezoito, e Lucas Apostólico da Conceição, o Índio do Jardim Novo. À época, o Disque Denúncia divulgou cartaz com a foto dos três. A recompensa oferecida por informações sobre o paradeiro de Marcelinho chegou a R$ 2 mil.
A ação dos criminosos, considerados de alta periculosidade, foi realizada após serrarem as grades da cela em que ficavam, a B1. Em seguida, a partir de uma escada improvisada, feita com cordas e pedaços de madeira, teriam pulado o muro da unidade. O equipamento foi encontrado preso à guarita onde ficava um dos policiais penais responsáveis pela vigilância dos detentos.
Relembre o caso
Sete inspetores da Polícia Penal deveriam estar de plantão no Presídio Lemos Brito no momento da fuga, mas dois faltaram ao trabalho naquela ocasião. A secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca, afirmou à época que os policiais foram ouvidos pela Corregedoria da pasta e encaminhados à Polícia Judiciária para que prestassem esclarecimentos. Ainda de acordo com ela, “os postos deveriam estar cobertos”.
Os três criminosos fugiram da penitenciária sem serem notados. A ausência deles só foi percebida durante a contagem de internos na manhã de 29 de janeiro, um domingo. Em depoimento, os policiais alegaram problemas de falta de luz em Bangu 6, mas a Light informou que não registrou corte de energia no Complexo de Gericinó no sábado anterior à fuga. De acordo com a companhia, a interrupção do fornecimento ocorreu no domingo, das 15h57 às 23h, “por conta da queda de galhos de árvore sobre a rede elétrica em função do temporal”.
Os problemas com as câmeras devido a quedas de energia, conforme alegado pelos policiais penais de plantão em Bangu 6, já eram de conhecimento da cúpula da secretaria pelo menos desde abril de 2021. Na época, um relatório da Superintendência de Controle e Monitoramento da pasta informou sobre o assunto.
No documento, enviado via Sistema Eletrônico de Informação (SEI), foi relatado à cúpula da secretaria que a interrupção da energia vinha prejudicando a gravação de imagens em todas as unidades do complexo. Fontes ouvidas pelo GLOBO à época disseram que, desde então, foram feitas outras comunicações sobre a instabilidade com as câmeras, que nunca foi resolvida.
O contrato para o sistema de monitoramento foi fechado pelo Gabinete de Intervenção Federal, em 2019, por R$ 28 milhões, e previa nobreaks — que protegem e mantêm em funcionamento dispositivos eletrônicos em oscilação ou ausência da energia — com autonomia mínima de 30 minutos. No entanto, segundo as informações obtidas pelo Globo, a cláusula não é cumprida, e o funcionamento dos equipamentos não é mantido se houver falta de luz.
Além de Marcelinho da Merindiba, capturado nesta segunda, Índio do Jardim Novo é considerado de alta periculosidade. Já a ficha de Jean do Dezoito o aponta como de “altíssima periculosidade”.
Jean foi apontado pela polícia como o bandido que invadiu o fórum de Bangu, em 2013, para resgatar um preso. Três anos após a invasão ao fórum de Bangu, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) concluiu a investigação de outro crime audacioso coordenado por Jean Carlos: ele foi indiciado pelo homicídio de seu advogado, Roberto Viegas Rodrigues, após ele não conseguir livrá-lo das penas por outros delitos, e por ocultação de cadáver.