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É fake? Recibo de cabaré que reagiu à tarifa de Trump viraliza nas redes

Cabaré que retaliou Trump seria o Thatys Drinks. O Mais Goiás pesquisou e não encontrou indícios de que o estabelecimento realmente exista

Viralizou nas redes sociais, sobretudo no X (antigo Twitter), a foto do recibo de um susposto cabaré em Fortaleza (CE) que teria cobrado imposto extra de um cliente norte-americano em resposta à taxa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos exportados pelo Brasil.

O cabaré em questão seria o Thatys Drinks. O Mais Goiás pesquisou e não encontrou indícios de que o estabelecimento realmente exista ou de que a foto seja verdadeira. Mas fato é que a possível brincadeira apareceu entre os assuntos mais comentados na rede na quinta (10) e nessa sexta-feira (11).

“Olha aí, Lourão Trump. Começou a tal ” reciprocidade” do regime tupiniquim”, brincou um internauta, marcando o perfil do presidente norte-americano na postagem. “E a “aritmetica” da conta eh uma prova do sucesso da patria educadora sob a egide do patrono da educacao Paulo Freire”, ironizou um rapaz, ao notar que autor do meme errou a conta de 50% sobre o valor total.

Tarifaço de Trump: carta com explicação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou ao presidente Lula uma carta em que explica os motivos que ele considerou para tomar a decisão de taxar todas as exportações do Brasil em 50%. Trump cita a suposta “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro e volta a se referir ao assunto como ‘caça às bruxas’: ‘deve terminar IMEDIATAMENTE’, diz ele.

“Por favor, entenda que a tarifa de 50% é bem menor do que o necessário para equilibrar o campo de jogo que devemos ter com seu país. E é necessário corrigir as graves injustiças do regime atual”, diz o norte-americano.

Confira a íntegra da carta de Trump

A CASA BRANCA
WASHINGTON

9 de julho de 2025

Sua Excelência
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Brasil

Prezado Sr. Presidente,

Conheci e lidei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como fizeram a maioria dos outros líderes mundiais. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro — um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos — é uma desgraça internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!

Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como ilustrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, que emitiu centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas milionárias e expulsão do mercado brasileiro), começando em 1º de agosto de 2025, aplicaremos ao Brasil uma tarifa de 50% em qualquer produto brasileiro enviado aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos que tentarem burlar essa tarifa de 50% por meio de transbordo estarão sujeitos a tarifas ainda mais altas.

Além disso, tivemos anos de discussões sobre nossa relação comercial com o Brasil e concluímos que devemos nos afastar do antigo e muito injusto relacionamento comercial prejudicado por tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais brasileiras. Nossa relação foi, infelizmente, tudo menos recíproca.

Por favor, entenda que a tarifa de 50% é bem menor do que o necessário para equilibrar o campo de jogo que devemos ter com seu país. E é necessário corrigir as graves injustiças do regime atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do país, decidirem construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para aprovar isso de forma rápida, profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.

Repercussão em Goiás

Carne bovina e açúcar de cana são os principais produtos goianos atingidos pelo tarifaço de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros. Juntos, esses dois itens responderam por mais de 70% das exportações de Goiás para os EUA em 2024, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

De acordo com a entidade, a carne bovina sozinha representou 61,8% das exportações goianas aos EUA. Já o açúcar movimentou US$ 32,3 milhões, o equivalente a 9,6% do total exportado. Ambos os setores devem sentir os efeitos da medida já no curto prazo, com perda de competitividade e risco de retração nos volumes embarcados.

Além de carne e açúcar, outros segmentos também estão sob risco: frutas, milho, peixes, café, hortaliças e produtos industriais essenciais para a cadeia produtiva. Máquinas agrícolas, por exemplo, representam 25,5% das importações goianas vindas dos EUA. Fertilizantes e adubos somam 6%.

“O produtor que depende da importação de máquinas e fertilizantes terá mais dificuldades para absorver o aumento nos custos. E quem exporta, como o setor da carne, pode perder mercado rapidamente”, explica Edson Novaes, gerente técnico da Faeg.

A entidade alerta que o impacto pode ser sentido tanto no campo quanto na cidade. Com exportações pressionadas e insumos mais caros, há risco de desaceleração econômica em setores estratégicos da agroindústria goiana.

“Todos perdem com uma guerra comercial. Para o Brasil, o risco é maior, porque o fechamento de mercado pode refletir diretamente na geração de empregos e nos níveis de preços de setores estratégicos da nossa economia”, destacou Edson. “O impacto poderá ser percebido tanto no campo quanto na cidade”, completou.

Produtos mais afetados pela tarifa dos EUA, de acordo com levantamento feito pela Faeg:

  1. Carne bovina (61,8% das exportações para os EUA)
  2. Açúcar de cana (US$ 32,3 milhões)
  3. Frutas, milho, peixes, café e hortaliças
  4. Máquinas agrícolas (25,5% das importações goianas dos EUA)
  5. Fertilizantes e adubos (6% das importações)