Desastre Natural

Superciclone obriga evacuação de 2 milhões de pessoas na Índia e em Bangladesh

Para tentar evitar efeitos devastadores da chegada do superciclone Amphan, autoridades no leste da Índia…

Para tentar evitar efeitos devastadores da chegada do superciclone Amphan, autoridades no leste da Índia e em Bangladesh lutam desde segunda-feira (18) para mover milhões de pessoas das regiões costeiras dos países, tarefa ainda mais complicada devido à pandemia de coronavírus.

A Índia já encara uma das maiores tempestades em uma década, de acordo com oficiais do escritório metereológico local, e agora espera que o Amphan, equivalente a um furacão de categoria 5 —com ventos de até 265 km/h—, atinja o país na quarta-feira (20).

Esse pode ser o ciclone mais forte na região desde o Sidr, que matou mais de 3.000 pessoas em novembro de 2007, segundo Bazlur Rashid, funcionário do departamento de meteorologia bengalês.

“Temos apenas seis horas para evacuar a população e, ao mesmo tempo, precisamos manter as regras de distanciamento”, afirma S.G. Rai, membro da gestão de desastres. “O ciclone pode devastar milhares de cabanas e plantações.”

Autoridades nos estados de Odisha e de Bengala Ocidental estão levando famílias para mais de mil abrigos e reaproveitando instalações usadas para quarentenas esvaziadas após o governo relaxar restrições do maior “lockdown” do mundo —a Índia tem 1,3 bilhão de habitantes.

Até o momento, o país registrou mais de 100 mil infecções por coronavírus e 3.163 mortes.

A vizinha Bangladesh, onde o ciclone ameaça provocar a pior tempestade em cerca de 15 anos, se esforça para transportar seus habitantes para terrenos mais altos e pede que eles usem máscaras para tentar conter a disseminação do vírus, que causou 20.995 infecções e 314 mortes no país asiático.

De acordo com Enamur Rahman, ministro júnior para gestão de desastres, 12 mil abrigos foram montados para acomodar mais de 5 milhões de pessoas.

O ciclone, com ventos de até 160 km/h ao tocar a terra, pode causar de maremotos e fortes chuvas a inundações.

A intensidade e a violência dos ciclones aumentaram na região, em parte devido às mudanças climáticas, mas o número de vítimas diminuiu nos últimos anos, graças a políticas de evacuaões rápidas e à construção de abrigos anticiclones.

A expectativa é de que o fenômeno chegue à terra entre os distritos de Chittagong e Khulna, a apenas 150 km de campos de refugiados que abrigam mais de 1 milhão de rohingya em abrigos frágeis.

Assim, membros de equipes humanitárias armazenam itens de emergência, como alimentos, lonas e comprimidos para purificar água.

Centenas de rohingya, resgatados de barcos à deriva na Baía de Bengala, vivem na ilha propensa a enchentes de Bhasan Char, onde dois casos positivos de vírus foram registrados na semana passada.

Espaços limitados e más condição de habitação deixam os refugiados extremamente vulneráveis, diz Snigdha Chakraborty, autoridade do Catholic Relief Services, em um comunicado.

“Não há abrigos de evacuação nos campos, e estamos preocupados com os danos causados pelas inundações, ventos e risco de Covid-19”, acrescentou ela.

A Índia, com uma costa que se estende por 7.516 km, é atingida por mais de um décimo dos ciclones tropicais do mundo.