Estudantes da banda marcial buscam apoio para viajar ao campeonato nacional
Grupo formado por 160 alunos precisa arrecadar R$ 80 mil para representar o estado no Concurso Nacional de Bandas e Fanfarras, em São Paulo, no dia 23 de novembro

O som dos instrumentos ecoa todas as noites no Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Major Oscar Alvelos, no Parque Atheneu, em Goiânia. São mais de 160 jovens que transformam disciplina em arte e rotina em harmonia. Unidos pela música e pela farda, eles formam a Banda Marcial do CEPMG-MOA, campeã do Concurso Estadual de Bandas e Fanfarras, vitória conquistada no primeiro ano de participação em campeonatos.
Com a garantia da classificação para o Concurso Nacional, marcado para o dia 23 de novembro, em Amparo (SP), o grupo tem um desafio bem maior do que ensaiar e evitar desafinar na hora da apresentação. Faltando menos de dez dias para a viagem, a banda ainda precisa atingir a meta de arrecadar R$ 80 mil, necessários para custear transporte, alimentação e apoio logístico. A hospedagem dos estudantes será garantida pela organização do evento, mas todos os demais custos recaem sobre as famílias — muitas em situação de vulnerabilidade.
O maestro que conduz sonhos
À frente da banda desde a sua fundação, em 2017, o maestro Dener é mais do que o regente das apresentações: é mentor, educador e inspiração para os jovens. Com olhar firme e voz serena, ele coordena ensaios que envolvem não apenas técnica, mas valores humanos.
“Esses meninos e meninas aprendem muito mais do que música. Aprendem respeito, empatia e responsabilidade. O bom exemplo diário é o que mantém o grupo unido. Muitos desses jovens talvez não sigam carreira musical, mas todos levam consigo lições de vida que vão muito além do palco”, afirma.
O maestro fala com emoção sobre o poder transformador do projeto: “Temos alunos que poderiam estar nas ruas, mas encontraram na banda um propósito. A música é o fio que os liga à esperança. Quando tocam, eles se sentem vistos, pertencentes. É isso que me move.”
Sob sua regência, a banda conquistou títulos, reconhecimento e, acima de tudo, confiança. A cada ensaio, Dener faz questão de reforçar que o sucesso não vem de forma fácil. “A entrega e o compromisso de cada aluno foram o que nos trouxeram até aqui. O que fez a diferença no estadual não foi só a afinação, foi a união.”
Disciplina, emoção e pertencimento
A rotina dos ensaios é intensa: de segunda a sexta, das 18h às 19h30, com cinco professores acompanhando os diferentes naipes e o maestro liderando o ensaio geral. Entre os instrumentos, estão tambores, metais, sopros e o brilho das coreografias do corpo artístico.
Para Maria Luiza, de 13 anos, que toca bombardino – um instrumento de sopro da mesma família do trombone e da tuba -, o esforço vale cada minuto. “Fiquei muito feliz e orgulhosa quando ganhamos o primeiro lugar. Vestir o uniforme da banda é carregar com orgulho a dedicação de todos. Foi emocionante ver que nossos esforços valeram a pena”, conta.
A aluna do 8º ano lembra que o desfile de 7 de setembro foi um dos maiores desafios. “Aprender a marchar no sol foi difícil, alguns colegas passaram mal, mas a gente não desistiu. A gente aprendeu a seguir junto, mesmo quando estava difícil.”
Pais que viraram bastidores do espetáculo
Os corações das famílias vibram a cada apresentação e ainda mais o de Daniel Melo Salvo, pai de Maria Luiza. Ele é um dos “pais de apoio”, grupo formado por responsáveis que ajudam na organização, transporte e acompanhamento da banda.
“Nossa família tem uma relação profunda com a música. Quando a Maria disse que queria entrar [para a banda], me emocionei com a determinação dela. Os ensaios são diários e sem o envolvimento das famílias nada disso aconteceria”, diz.
Daniel explica que levar o grupo para o campeonato nacional é uma verdadeira operação de guerra: quatro ônibus, um caminhão, veículos de apoio e mais de duas toneladas de equipamentos. “São cerca de 180 crianças e adolescentes, sete professores e pelo menos 25 pais voluntários. Conseguimos só da organização do evento para parte da logística, mas ainda falta o essencial: o dinheiro para o transporte e alimentação”.
Para superar esse desafio, os alunos venderam rifas e, há um mês, criaram uma “vaquinha online”. Porém, até o momento, a contribuição digital atingiu menos de R$ 2 mil. “A banda é a única coisa boa na vida de muitas dessas crianças. Elas encontraram ali um propósito, um grupo que as acolhe e as ensina disciplina, respeito e amor. Ver o brilho nos olhos delas é o que nos move. Mas, sem o apoio da comunidade, o sonho pode ficar pelo caminho”, desabafa o pai.
Música pública, impacto social
O maestro Dener reforça que o projeto é um exemplo do poder da escola pública quando há comprometimento e afeto. O projeto começou com 35 alunos e hoje tem lista de espera e seleção anual. Podem se inscrever para a seletiva os estudantes de 10 a 18 anos, que cursam do 6º ano ao fim do ensino médio, e que tenham (e mantenham) bom comportamento e resultados acadêmicos.
“A banda é um espaço de transformação. O aluno entra tímido, desacreditado, e aos poucos se descobre capaz. Cada nota tocada é uma vitória pessoal e coletiva. Quando eles tocam juntos, é como se o som dissesse: ‘nós conseguimos’.”
Para ele, o apoio da sociedade é vital. “Gostaria que as empresas e pessoas conhecessem de perto o dia a dia da banda. Veriam o impacto que esse projeto causa na vida dos jovens e na comunidade. O apoio financeiro é importante, mas o reconhecimento é ainda mais. Cada gesto de solidariedade ajuda a manter viva a esperança desses estudantes — e o nome de Goiás no cenário nacional”, argumenta.
Para apoiar a viagem da Banda Marcial do CEPMG-MOA, acesse o link da vaquinha virtual criada pelos pais de apoio aqui.
Caso queira ter mais informações sobre o projeto, entre em contato com o maestro Dener no (62) 99132-7873