Expectativa de vida das mulheres cresce e supera a dos homens
Levantamento do IBGE confirma uma tendência histórica

A expectativa de vida das mulheres cresceu e superou a dos homens, segundo dados divulgados na nova Tábua da Mortalidade do IBGE. Em 2024, o brasileiro passou a viver, em média, 76,6 anos, o maior índice já registrado desde o início da série histórica, em 1940. No levantamento anterior, a média era de 76,4 anos.
O levantamento do IBGE confirma uma tendência histórica: as mulheres vivem mais do que os homens. Em 2024, a expectativa de vida feminina chegou a 79,9 anos, enquanto a dos homens ficou em 73,3 anos — uma diferença de 6,6 anos. Ao longo das décadas, essa vantagem variou: em 1940, era de 5,4 anos, a menor já registrada, e atingiu o pico em 2000, quando chegou a 7,8 anos.
A pesquisa também destaca o indicador de sobremortalidade masculina, que compara as taxas de mortalidade entre homens e mulheres em diferentes faixas etárias. Em 2024, o dado chama atenção entre jovens: na faixa de 20 a 24 anos, a taxa de mortalidade dos homens foi 4,1 vezes maior do que a das mulheres. Isso significa que um homem de 20 anos tinha 4,1 vezes mais chance de não chegar aos 25 anos em comparação a uma mulher da mesma idade.
Entre adolescentes de 15 a 19 anos, a sobremortalidade masculina ficou em 3,4, enquanto no grupo de 25 a 29 anos chegou a 3,5. Segundo o IBGE, essa diferença elevada entre os sexos não era observada na década de 1940 e passou a se intensificar com o processo de urbanização e metropolização do Brasil.
“A partir dos anos 1980, as mortes associadas às causas externas ou não naturais, como homicídios, suicídios e acidentes de trânsito, passaram a elevar as taxas de mortalidade, especialmente entre adultos jovens do sexo masculino”, aponta o instituto.
Especialistas relacionam a sobremortalidade masculina principalmente à violência urbana e à maior exposição dos homens a situações de risco. Os homens são mais vulneráveis a homicídios e acidentes, o que reduz drasticamente a expectativa de vida nessas faixas etárias.
Além disso, a urbanização acelerada e a concentração de desigualdades sociais em grandes centros urbanos contribuem para esse quadro. A criminalidade e a desigualdade reforçam a vulnerabilidade dos homens jovens, impactando diretamente nos números da expectativa de vida.