CRECHE

Família se recupera da covid e contrai dengue e chikungunya em seguida

A técnica em análises clínicas Danyela de Menezes Souza, 36 anos, que mora no litoral…

A técnica em análises clínicas Danyela de Menezes Souza, 36 anos, que mora no litoral de São Paulo, se recuperou há pouco da covid-19. Agora, ela tenta conseguir tratamento e aliviar os sintomas causados pela chikungunya.

Moradora do Parque Continental, em São Vicente, na Baixada Santista, Danyela diz ao UOL que não foi a única a adoecer em casa. Seu marido também contraiu a covid-19 e ficou em estado grave em uma UTI. Agora, não só ela como os três filhos do casal, o pai e a madrasta estão com sintomas de arboviroses, como a dengue e chikungunya.

“Precisamos ficar em casa por causa da covid-19, mas se nossas casas são invadidas por mosquitos causadores de doenças, fica difícil se manter saudável”, desabafou. “Quando tive covid-19, o pior foi a ansiedade pela situação do meu marido e filho, que tiveram muita febre. Tive muito cansaço e dores nas costas, febre só tive um dia”.

Danyela conta que o processo de recuperação das doenças em casa tem sido muito desgastante, principalmente pelo medo que sentiu ao ver os familiares adoecendo. Além do marido, seus dois filhos adolescentes também tiveram covid-19, mas já se recuperaram. Agora, foram diagnosticados com dengue. A caçula, de apenas 2 anos, também foi diagnosticada com dengue, mas já está se recuperando.

“Meus pais não conseguiram fazer o exame, mas tiveram sintomas de dengue. Eu, por conta da chikungunya, estou com sintomas até agora, vou ter de fazer tratamento. Febre, muitas dores nas articulações, vômitos, enjoo e fraqueza. Fora as dores de cabeça constantes. Minha madrasta teve sintomas iguaizinhos aos meus, já meu padrasto teve sintomas mais leves.”.

A técnica afirma que teve que colocar inseticidas elétricos funcionando 24 horas por dia nas tomadas do sobrado onde mora com a família, além de providenciar a instalação de telas para as janelas. Ela se diz assustada com a quantidade de mosquitos. E a invasão dos insetos, mais precisamente do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, não é exclusividade na sua residência.

“Eles estão se espalhando pelo bairro todo. Na minha rua, estão todos doentes. E a culpa é de uma creche que funciona em frente de casa. Existem quatro subtipos, não descartando a possibilidade pior, a dengue hemorrágica. Já é a terceira vez que pego dengue, temo que aconteça coisa muito pior”, disse.

Creche foi inaugurada há um ano

A creche a que se refere Danyela é a Creche Municipal Jean Pierre dos Santos Molina. Inaugurada em janeiro de 2020 pelo ex-prefeito de São Vicente, Pedro Gouvêa, ela deveria atender cerca de 200 crianças, mas está fechada por conta da pandemia. Danyela garante que há relatos de que há funcionários que também adoeceram por conta de arboviroses, que estariam se espalhando pelo município e também para municípios vizinhos.

“Como ter paz no seu próprio lar? Nós estamos aqui, fazendo a nossa parte. Respeitando o isolamento, nos cuidando. E o município não se responsabiliza pela segurança dos moradores? Mas, pelo contrário, põe negligentemente nossas vidas em risco?”.

O UOL enviou à prefeitura de São Vicente uma série de questionamentos, mas não obteve resposta a nenhum deles. Por meio de nota, a prefeitura declarou que disponibiliza um número telefônico para os cidadãos que quiserem fazer denúncias, affirma que o Parque Continental recebeu um ‘fumacê’ de combate à dengue e, sem citar a creche, diz que um mutirão visitou 1.006 imóveis.

Veja a nota da prefeitura na íntegra:

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informa que, para munícipes que queiram realizar denúncias, o Departamento de Controle de Doenças Vetoriais (Decodove) disponibiliza o número 0800-0771-0037. O atendimento funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17 horas. É importante que o denunciante forneça os dados sobre o local onde se encontra a irregularidade, facilitando o trabalho dos agentes.

A Sesau destaca que, recentemente, o Parque Continental recebeu um ‘fumacê’ de combate à dengue, que percorreu cerca de 63 quarteirões do bairro. Também houve um mutirão onde 1.006 imóveis foram visitados.

A Cidade registra 581 casos de dengue (com duas mortes) e 152 casos de chikungunya confirmados (sem registro de óbitos). Em 2020, até o fim de março foram 50 casos de dengue e um de chikungunya confirmados.