Gestão compartilhada em Aparecida pode frear degradação na Serra da Areia
Território é composto principalmente por propriedades particulares ameaçadas pela prática de turismo ilegal

Degradação em curso na Serra da Areia, em Aparecida de Goiânia, pode ser sanada com atuação compartilhada entre Poder Público, empresários e população, segundo a gestora ambiental Patrícia Sahium. De acordo com a especialista, a maior parte do território desta área de preservação ambiental do município é composta por propriedades particulares constantemente ameaçadas pela prática de turismo irregular. Esta característica dificulta a fiscalização da área.
Patrícia defende que a melhor forma de conservar áreas de preservação ambiental em Aparecida, é fazer uma gestão compartilhada com o Poder Público, cidadãos e empresários da região. “Ninguém consegue proteger nada sozinho. Seria interessante executar um Plano de Manejo para as áreas que contemplassem empresários, proprietários e moradores e um trabalho efetivo de educação ambiental e turismo consciente”, defende Patrícia.
A gestora ainda diz que é possível usufruir do turismo responsável nestas regiões. “Hoje, já há a exploração turística do local de forma ilegal que deixa rastros de lixo e degradação com atividades de trilhas de motocross, de bicicleta e até caminhadas. No entanto, se houver investimento e preocupação real do Poder Público, essa atividade turística pode ser regularizada e feita de forma responsável”, pontua.
Degradação

A Unidade de Conservação (UC) da Serra da Areia possui área de 39,6 mil metros quadrados de área verde. Mesmo após se tornar Área de Preservação Ambiental em Aparecida, a Serra da Areia continua sofrendo grande degradação ambiental com extração clandestina de areia, descarte ilegal de resíduos, incêndios, construções de obras ilegais e degradação do solo por veículos motorizados em trilhas de motocross e até jipes.
Em razão de políticas de preservação ambiental, o local, que em sua maioria é composto por propriedades privadas, se tornou Área de Proteção Ambiental (APA) no município. Apesar de ser uma área densamente habitada, a Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida (Semma) informa não houve abertura de novos loteamentos na região nos últimos anos. No entanto, a Defesa Civil do Município alerta que ainda recebe denúncias de construções de obras ilegais na área.

Turismo Irregular

De acordo com a secretaria, atualmente, os maiores danos ambientais na área são causados por descarte ilegal de entulho, lixo e prática de turismo irregular em trilhas de motocicletas, atividade que é proibida em toda extensão da APA. De acordo com o agente da Defesa Civil do Município, Juliano Cardoso, que também é gestor ambiental, o turismo na Serra das Areias deve ser feito de forma muito cautelosa.
“Algumas partes da Serra tem o solo tão frágil que até caminhadas com um grupo reduzido de pessoas pode causar danos ambientais irreversíveis. Trilhas de bicicleta e motocross são inconcebíveis e não podem acontecer”, explica Juliano. A Serra é monitorada pela equipe de fiscalização da Semma com apoio de proprietários de chácaras.

Integração
O titular da Semma, Cláudio Everson, afirma que a atual gestão registrou todas as propriedades particulares que compõem a área. “Fizemos o cadastro de todos os proprietários com notificação para os chacareiros e moradores que possuem terreno regularizado pela prefeitura. Passamos como está a atual situação jurídica do local. Todos que tem propriedade na região estão cientes do que pode e que do que não pode ser feito”, diz.
Cláudio esclarece que o uso do solo das propriedades da Serra das Areias é proibido e portanto qualquer construção na região é vetada. “Por um lado, isso é positivo porque ajuda a preservar a UC. Por outro, leva a uma enxurrada de ações judiciais contra a Prefeitura, de chacareiros que entram na Justiça para tentar conseguir realizar modificações no local”, diz.
Educação Ambiental
De acordo com o titular da Semma, ações educacionais de conscientização são realizadas regularmente no local. “Esse tipo de atividade ajuda a fazer com que a própria população que mora na região se torne também fiscais do meio ambiente, denunciando de forma efetiva a degradação do local”, declara Cláudio.
Entre as atividades educacionais promovidas pela Semma está a conscientização dos pequenos com ações desenvolvidas nas escolas da região. “Fizemos batalhões mirins nas escolas que atendem a região da serra em parceria com a Polícia Militar, realizamos circuitos de palestras e o trabalho de panfletagem é feito o tempo todo”, disse o secretário.