Pecuária

Goiás: Produtores de leite recebem apoio contra importações

Cadeia leiteira vive um momento delicado, enfrentando uma crise que se estende por diversas regiões do país

O governador Ronaldo Caiado se reuniu com produtores de leite de Goiás em um evento realizado no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) nesta segunda-feira (26/3). O encontro foi marcado por anúncios e medidas para os desafios enfrentados pelos pecuaristas, diante das crescentes importações de leite e derivados.

A cadeia leiteira vive um momento delicado, enfrentando uma crise que se estende por diversas regiões do país. Desde julho de 2022, produtores de diferentes localidades têm se queixado do aumento significativo das importações, especialmente provenientes da Argentina. Essa situação tem impactado negativamente a renda dos produtores e obrigando muitos a abandonarem a atividade. 

Importações geram crise entre produtores de leite em Goiás

“Chegamos a receber em 2022 até R$ 3,40 o litro de leite e hoje nós recebemos na média de  R$ 2. Alguns meses do ano passado chegamos a receber até R$1,50 por litro. Não conseguimos trabalhar com esse preço baixo desse jeito. Com esses preços, não há como fazer investimento. Inclusive, a maioria dos produtores estão endividados no banco porque não conseguem pagar sua dívida”, desabafou o produtor de Pontalina, Rafael Fernandes

Durante o evento, o governador Caiado anunciou medidas que visam o fortalecimento da cadeia, como a destinação de recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para a compra direta de leite e seus derivados dos produtores e empresas goianas.

Nova lei beneficia leite produzido em Goiás

Em seguida, Caiado assinou uma nova lei, que retira tributos sobre as empresas. A nova lei, denominada Lei n° 62 de 14 de março de 2024, altera a Lei n° 13.591 de 18 de janeiro de 2000, que institui o Programa de Desenvolvimento Industrial de Goiás (PRODUZIR) e o Fundo de Desenvolvimento de Atividades Industriais (FUNPRODUZIR), e traz algumas mudanças importantes. O projeto de lei foi enviado à Assembleia Legislativa de Goiás (ALEGO) e foi aprovado sem emendas parlamentares.

A nova lei propõe retirar os benefícios fiscais que o Estado de Goiás concede às empresas do setor lácteo que optarem por importar leite, desde que haja oferta suficiente do produto no estado com quantidade e qualidade adequadas para o processamento industrial. O objetivo é incentivar as empresas do setor lácteo em Goiás a utilizar o leite produzido localmente em vez de importá-lo.

“O que nós estamos fazendo é justiça. Estamos incentivando a indústria a vir para o estado de Goiás. Mas agora, quem tem os incentivos têm que dar prioridade à produção estadual. A indústria não está sendo privada hora alguma de ampliar suas atividades ou de produzir ali em decorrência da oferta do leite”, ressaltou o governador. 

Taxas de juros

Ronaldo Caiado também anunciou a destinação de  R$ 100 milhões em crédito verde, direcionando os produtores de leite, enquadrados em uma faixa específica do Fundo Funcional do Centro-Oeste, para os produtores, para obterem as taxas de juros mais baixas e períodos de carência mais longos. Além disso, foram disponibilizados R$ 10 milhões para auxiliar pequenos produtores de leite e mais R$ 3 milhões para a compra de embriões e sêmen, visando aprimorar a qualidade genética do gado em Goiás.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, José Mario Schreiner, a lei veio em boa hora e está sendo copiada por outros estados. Para ele, o consumidor final não será afetado “O que não podemos é aviltar ou pisar na cabeça do produtor rural, mas acima de tudo o consumidor final não vê a diferença no supermercado. O que nós queremos é esse equilíbrio, para que o consumidor também usufruir desses benefícios, a cadeia toda”, destacou.