SÃO PAULO

Guarda municipal licenciado atira em jovem negro em Mogi das Cruzes

Um guarda municipal licenciado de Mogi das Cruzes (SP) atirou, segundo a polícia, num jovem…

Um guarda municipal licenciado de Mogi das Cruzes (SP) atirou, segundo a polícia, num jovem negro de 29 anos que estava dentro de casa no bairro Cezar de Souza, região nordeste da cidade. O crime aconteceu na manhã desta quarta-feira (23). A família acredita haver motivação racial.

Imagens gravadas por uma câmera na casa da vítima mostram o momento em que o guarda municipal atira contra o rapaz, identificado como Pedro Regalado Azpilicueta Galdeano Neto, em boletim de ocorrência da Polícia Civil. O suspeito do crime é José Carlos de Oliveira, 57, também conforme o documento da corporação. A Folha não conseguiu ouvi-lo.

Os dois são vizinhos. As imagens mostram ambos conversando, cada um em seu portão por volta das 7h.

Oliveira, em determinado momento, entra em casa e volta com o que parece ser uma barra de ferro. Vai até Galdeano Neto, que segue em seu portão, e começa a desferir golpes. O rapaz pega o telefone e parece começar a gravar o vizinho.

O guarda municipal volta para casa e retorna com uma arma. A vítima, que mora com pai e mãe, corre para dentro de sua residência. As imagens mostram ao menos três disparos feitos pelo suspeito a partir do lado de fora do portão. O rapaz foi atingido no rosto e na barriga quando estava na garagem de casa, segundo o advogado da família, Ewerton Carvalho.

Galdeano Neto foi socorrido por amigos e levado para o hospital. Segundo o representante da família, o rapaz está consciente depois de passar por cirurgias. “Um dos tiros atingiu o intestino”, afirmou o advogado.

A família suspeita de motivação racial para o crime porque a mesma câmera que gravou os disparos registrou também, nos dias 8 e 9 de novembro, o mesmo homem, conforme o advogado, jogando cascas de banana na entrada da casa. “Há muito tempo integrantes da família são chamados de ‘macaco’ por ele”, diz o advogado.

O prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (Podemos), classificou o episódio como “totalmente injustificável”.

“Já determinei a abertura de uma sindicância contra o servidor e trataremos o caso com máximo rigor. As investigações e sanções já estão sendo conduzidas pela Polícia Civil e daremos todo suporte aos trabalhos. À família da vítima, prestamos toda nossa solidariedade e apoio”, afirmou.

A Secretaria de Segurança da prefeitura afirmou que o guarda municipal estava licenciado do trabalho e que a arma utilizada não pertence à prefeitura.

Disse ainda que o guarda municipal foi afastado do cargo. “Ele não fazia parte das equipes que utilizam arma de fogo no exercício das funções”, diz a administração. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com o guarda e sua defesa.

A Polícia Civil informou que o caso é investigado pelo 3º Distrito Policial de Mogi das Cruzes, “que analisa todas as circunstâncias relevantes ao caso”.