Ibama restringe uso de agrotóxicos prejudiciais a abelhas
Estudos mostram que agrotóxico afeta aprendizagem de abelhas, reduzindo a eficiência delas como polinizadores

O Ibama restringiu, nesta sexta-feira (23), o uso de agrotóxicos à base de tiametoxam em culturas agrícolas do país.
O inseticida passou por reavaliação ambiental devido ao impacto em insetos, e não poderá mais ser aplicado por tratores ou aviões agrícolas. A norma também restringe o uso da substância em vários cultivos devido à falta de informações técnico-científicas que garantam sua segurança.
O veneno é um neonicotinóide, classe de inseticida que afeta o sistema nervoso central das abelhas, desorientando-as a ponto de não conseguirem retornar para as colmeias.
Estudos mostram que a substância também afeta a aprendizagem dos polinizadores, reduzindo sua eficiência, além de comprometer seus sistemas digestivo, reprodutivo e imunológico, levando os animais à morte em muitos casos.
Durante o processo de reavaliação, técnicos do Ibama analisaram estudos científicos, consideraram posições de outros países que proibiram ou restringiram o uso do veneno e reuniram-se com representantes do setor privado e pesquisadores. Mais de 1,5 mil contribuições foram recebidas em consulta pública.
Lançado na década de 1990, o tiametoxam tem ampla utilização no Brasil em culturas como soja, algodão, arroz, feijão. Com as novas medidas, seu uso deixará de ser autorizado em 10 culturas, entre elas, batata, berinjela, cebola e eucalipto. Em outros 25 cultivos a substância será permitida com restrições.
Rótulos e bulas de produtos com tiametoxam deverão incluir aviso de toxicidade para abelhas, além das novas restrições de aplicação. Os inseticidas adquiridos antes da publicação da medida podem ser usados até o esgotamento ou o fim do prazo de validade.
Titulares de registros de produtos com a substância terão 180 dias para adequar seus rótulos e bulas. Até lá, devem incluir folhetos, etiquetas ou outro aviso complementar para comunicar as novas diretrizes. O descumprimento da decisão do Ibama constitui crime ambiental.
Em janeiro, o Ibama restringiu também o uso do fipronil, outra substância tóxica para abelhas. Sua pulverização foliar em área total, ou seja, não dirigida ao solo ou às plantas, está proibida.
Mais informações em gov.br/mma.