Imposto sindical pagou multa de Delúbio, diz Ministério Público de Goiás
Entidade filiada à CUT usou CPFs e contas bancárias de associados para quitar o débito
O Sindicato dos Professores de Goiás (Sintego) lançou mão de recursos do imposto sindical para pagar parte da multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no processo do mensalão, ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. O caso está sob investigação do Ministério Público estadual e tem como base depoimentos de ex-funcionários da entidade e dos próprios docentes.
O esquema teria funcionado da seguinte forma: a presidência do Sintego usou CPFs e contas bancárias de seus associados para contribuir com a “vaquinha” criada por Delúbio a fim de quitar a multa imposta pelo STF, de R$ 466.888,00. O dinheiro doado não saiu dos bolsos de cada associado, mas da parcela que o sindicato recebia a título de imposto sindical. O Sintego é filiado à CUT, onde Delúbio trabalhou antes e depois de ser condenado pelo Supremo.
Ex-secretária da presidência do Sintego, Eunice Nogueira Marques disse em depoimento ao MP que a então presidente da entidade, Iêda Leal, pediu a ela que fosse a uma agência da Caixa Econômica Federal, no setor Coimbra, em Goiânia, para realizar depósitos em benefício de Delúbio. Para cumprir a tarefa, Eunice recebeu de sua ex-chefe envelopes com valores específicos, cada um deles associados a um nome e um CPF de um dos diretores do sindicato.
“Legalmente, o sindicato não poderia pagar vaquinha com dinheiro do sindicato. Essas contribuições são consideradas parafiscais e há todo respaldo de serem investigadas. Os gestores podem responder por improbidade. O gasto ilegal pode ser caracterizado como crime. É dinheiro de contribuição obrigatória para tratar do interesse dos sindicalizados e não meia dúzia de pessoas do partido”, disse a promotora Villis Marra.
Segundo os professores ouvidos pelo MP, os valores repassados a Delúbio variavam de 1000 a 2000 reais. Ao MP, Iêda e Maria Euzébia confirmaram ter participado da vaquinha em favor de Delúbio, mas negaram ter usado o imposto sindical para tanto. O Sintego é filiado à CUT. Em 2013, ao cumprir pena no semiaberto, Delúbio voltou a trabalhar na CUT, onde iniciou sua carreira sindical. (Com informações da Veja)