Indígena consegue guarda provisória de netos após atuação de defensorias de Goiás, TO e MT
Claudina Marralaru Karajá cuida de seis crianças desde o feminicídio da filha

A indígena Claudina Marralaru Karajá, de 51 anos, conseguiu a guarda provisória dos netos, na segunda-feira (25), após atuação das Defensorias Públicas do Estado de Goiás (DPE-GO), Tocantins (DPE-TO) e Mato Grosso (DPE-MT) pelo projeto Defensorias do Araguaia. A mulher, que vive na aldeia São Domingos, localizada no município de Luciara (MT), cuida de seis crianças desde o feminicídio da filha, no ano passado.
Segundo a DPE-GO, ainda em 2024, Claudina participou da primeira edição do projeto, mas retornou ao mutirão na segunda-feira para conseguir os documentos de guarda provisória dos netos, além de atendimento junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para inscrição no Cadastro único (CadÚnico). Na ocasião, ela também garantiu o recebimento do benefício Pé-de-Meia, do Governo Federal, junto ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
A indígena contou que o pai levou as crianças para a aldeia onde ele mora após a morte da filha. “No entanto, eu ouvia muitas conversas que elas estavam sendo maltratadas. Gosto muito das crianças. Então, eu fui atrás e trouxe todas para cá. Agora estamos juntas, unidas lá em casa”, contou. Claudina é merendeira da escola do território e recebe apenas um salário mínimo. Sem a guarda legal dos netos, ela não conseguia acessar benefícios sociais e previdenciários, por isso buscou atendimento em 2024. À época, foi acolhida pela defensora pública Safira Vanessa Carneiro Costa, da DPE-MT.
“As crianças me pedem para comprar as coisas, mas, para ter acesso, eu preciso ir até São Félix do Araguaia e mesmo assim não consigo, porque é muito caro”, disse. “Eu consigo comprar só as mais importantes, uma roupa, um calçado simples.” Após o atendimento e a informação da guarda provisória, ela comemorou.
Para o defensor público João Paulo Carvalho Dias, do Mato Grosso, responsável pelo atendimento, “foi um caso muito impactante, porque a filha dela foi assassinada e ela já está há mais de um ano cuidando dos netos”.
Vale citar que o projeto Defensorias do Araguaia está em sua segunda edição. Como mencionado, trata-se de uma ação conjunta das Defensorias Públicas do Estado de Goiás (DPE-GO), Tocantins (DPE-TO) e Mato Grosso (DPE-MT). Após a etapa na aldeia São Domingos, o projeto segue, na quarta-feira (27), para a aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal (TO), e encerrará nas aldeias Buridina e Bdè-Burè, em Aruanã, na sexta (29).