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Lula liga para Trump, pede revogação de outras tarifas e discute combate ao crime organizado

Telefonema teve 40 minutos de duração

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou para Donald Trump nesta terça-feira (2) e, segundo o Planalto, teve uma conversa de 40 minutos com o norte-americano. No telefonema, Lula pediu a revogação de outras tarifas aplicadas a produtos brasileiros, elogiou a retirada do adicional de 40% sobre itens como carne, café e frutas e reforçou a necessidade de ampliar acordos comerciais. O contato também tratou diretamente do combate ao crime organizado, tema que voltou ao centro da política nacional após operações recentes no Brasil e ações militares dos EUA no Caribe.

De acordo com o governo brasileiro, Lula destacou que apesar da decisão positiva que anulou parte das taxações, ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países. O presidente insistiu que o Brasil deseja avançar rapidamente nessas negociações econômicas, enquanto Trump teria demonstrado “total disposição” para continuar as conversas.

Além da agenda comercial, o diálogo abordou cooperação contra organizações criminosas internacionais. Lula citou operações federais que miram o esvaziamento financeiro de facções e alertou que há ramificações que atuam a partir do exterior. Trump, por sua vez, prometeu apoio dos EUA para iniciativas conjuntas. Ambos concordaram em manter novos contatos em breve.

A intensificação dessa pauta ocorre em meio às operações militares dos EUA no Caribe, oficialmente voltadas ao combate ao tráfico de drogas, mas vistas por Caracas como pressão direta sobre o regime de Nicolás Maduro. Navios de guerra e caças norte-americanos atuam na região desde agosto, muitas vezes fora das principais rotas do narcotráfico, segundo análises satelitais citadas pelo New York Times.

O debate sobre o crime organizado também ganhou força política dentro do Brasil. Após uma megaoperação no Rio de Janeiro — que deixou 121 mortos e gerou embates públicos entre o governador Cláudio Castro (PL) e o Palácio do Planalto —, o governo federal acelerou projetos no Congresso. Entre eles, a PEC da Segurança Pública, que centraliza diretrizes federais para os estados, e o PL Antifacção, alvo de disputas entre governo e oposição.

As discussões ocorrem paralelamente a alertas recentes da Abin. Em documento divulgado nesta semana, a agência de inteligência apontou a interferência externa e a atuação do crime organizado como riscos ao processo eleitoral de 2026, reforçando preocupação institucional com o cenário de segurança pública.