Mais da metade dos professores da rede pública deve se aposentar até 2034
Estudo alerta para risco de falta de profissionais

Um estudo do Movimento Profissão Docente acendeu o alerta para a educação brasileira: 57,5% dos professores efetivos das redes estaduais poderão se aposentar até 2034. O dado revela um risco real de apagão de profissionais e reforça a necessidade de planejamento imediato por parte dos governos estaduais.
O levantamento mostra que o quadro docente está envelhecendo — em 2023, 17,8% dos professores já tinham direito à aposentadoria. Esse cenário é agravado pela diminuição das contratações efetivas, substituídas por vínculos temporários em boa parte dos estados.
Enquanto isso, a transição demográfica deve reduzir o número de alunos: as redes estaduais devem registrar queda de 24,9% nas matrículas até 2034. Especialistas afirmam que essa redução abre uma janela estratégica para reorganizar as contratações e ampliar o ensino em tempo integral.
Segundo Haroldo Rocha, coordenador-geral do movimento, concursos públicos mais frequentes e com menos vagas podem ajudar a repor a força de trabalho de forma gradual e qualificada. Ele avalia que a Prova Nacional Docente, lançada este ano pelo governo federal, também pode facilitar a seleção de novos profissionais.

O estudo chama atenção ainda para o impacto fiscal: 92% dos estados gastam mais de 70% dos recursos do Fundeb com salários, e mais da metade já desembolsa mais com professores aposentados do que com os que estão em sala de aula. Além disso, 85% dos regimes próprios de Previdência estaduais estão deficitários.
Os pesquisadores defendem que cada estado busque um equilíbrio sustentável entre professores efetivos, temporários e celetistas, além de aperfeiçoar a legislação para garantir condições menos precárias aos temporários.