quadrilha

Organização criminosa que vendia ‘cogumelos mágicos’ para todo o país é presa no DF

Foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e 9 de prisão

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, nesta quinta-feira (4), a Operação Psicose, que resultou na prisão de membros de uma organização criminosa responsável pela produção e distribuição de cogumelos alucinógenos (também chamados de mágicos) em todo o país. Os entorpecentes contêm psilocibina, substância psicodélica proibida pela Anvisa que altera percepção sensorial, tempo e espaço.

A operação contou com o apoio do Coaf, da Receita Federal e dos Correios, e incluiu o cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão em cidades como Brasília (DF), Curitiba (PR), Joinville (SC), São Paulo (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES), visando locais de produção, armazenamento e distribuição.

Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram em 2025, a partir do monitoramento de redes sociais e sites que anunciavam a venda dos cogumelos. Perfis no Instagram eram usados para atrair clientes, que eram redirecionados a páginas específicas e grupos de aplicativos de mensagens, onde as negociações eram concluídas.

O grupo possuía um cultivo próprio no Distrito Federal, mas a produção era insuficiente para atender toda a demanda. A polícia identificou então um centro de cultivo em Curitiba (PR), considerado o principal polo de produção e logística da organização, com capacidade média de 200 quilos por mês e planos de expansão para dobrar a produção em um novo galpão.

  • Estudante de Veterinária da UnB é presa por vender cogumelos alucinógenos; leia

As drogas eram enviadas pelos Correios e empresas de logística terceirizadas, em um esquema semelhante ao dropshipping, dificultando fiscalização e rastreamento. Entre 2024 e 2025, o esquema enviou 3.718 encomendas, totalizando cerca de 1,3 tonelada de cogumelos, gerando um faturamento estimado de R$ 26,5 milhões. Cada dose de 3 gramas era vendida por R$ 60.

A organização investia ainda em marketing digital, usando sites visualmente atrativos, anúncios pagos em redes sociais e parcerias com influenciadores e DJs, voltados principalmente ao público jovem e frequentadores de festas de música eletrônica. Os produtos chegaram a ser promovidos em feiras e eventos, com alegações de benefícios à saúde sem respaldo científico.

  • Homem é preso usando escritório de advocacia como laboratório de cogumelos alucinógenos em Goiânia; leia

Os envolvidos poderão responder por tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, associação criminosa, crimes ambientais e contra a saúde pública, além de publicidade abusiva e curandeirismo. As penas para os líderes da organização podem chegar a 53 anos de prisão.