Panetone: entenda a origem do pão que virou tradição do Natal no Brasil
O panetone está presente nas comemorações de fim de ano no Brasil e em diversos…

O panetone está presente nas comemorações de fim de ano no Brasil e em diversos países. A receita, associada à tradição italiana, tem diferentes versões sobre sua criação. Uma das histórias mais conhecidas nos apresenta Toni, um ajudante de cozinha do duque de Milão Ludovico Sforza, no final do século 15, como responsável por um erro que teria dado origem ao doce. De acordo com a história, na véspera de Natal de 1495, Toni teria deixado biscoitos queimarem e usado a massa reservada do pão de Natal para criar uma nova preparação com farinha, ovos, açúcar, passas e frutas cristalizadas. O resultado teria recebido o nome de “pão Toni”.
Essa versão, porém, não é muito aceita. Em entrevista à BBC, o historiador Massimo Montanari afirma que essa versão não tem “absolutamente nenhum” fundo de verdade. Segundo o pesquisador, o panetone não tem data ou autor definíveis e faz parte de uma tradição construída ao longo de séculos.
Montanari explicou ao jornal que a receita tem relação com os antigos “pães doces” consumidos em festividades medievais, especialmente no período de Natal. Um manuscrito da década de 1470, preservado na Biblioteca Ambrosiana de Milão, registra que a corte dos duques Sforza servia grandes pães açucarados na noite de 24 de dezembro, em um ritual descrito pelo preceptor Giorgio Valagussa. O alimento era dividido entre os participantes, e uma parte era guardada para o ano seguinte.
Ainda que a ligação entre o panetone e Milão seja clara, documentos apontam práticas semelhantes em outras regiões do norte da Itália. A expansão comercial ao longo dos séculos contribuiu para transformar o produto em um item associado ao período natalino em diversos países.
A difusão do panetone pela América do Sul teve participação de imigrantes italianos. No Peru, Antonio D’Onofrio firmou um acordo com a empresa italiana Alemagna nos anos 1950 para produzir o panetone com a marca D’Onofrio. Segundo a empresa, o consumo no país chega a mais de 35 milhões de unidades por ano, com média de 1,1 kg por pessoa.
No Brasil, o panetone se popularizou entre as décadas de 1950 e 1970 com a atuação de indústrias fundadas por imigrantes. A Bauducco, criada em 1952 em São Paulo por Carlo Bauducco, tornou-se a maior fabricante do produto no mundo, com produção anual superior a 300 mil toneladas. O país ocupa hoje a terceira posição no consumo global, com cerca de 440 gramas por pessoa ao ano.