Investigação

PF vai investigar relação do grupo dono da JBS com lobista que teria vendido decisões do STJ

Em uma ligação interceptada, Anderson afirmou ter recebido R$ 19 milhões da JBS

Um novo desdobramento na investigação sobre a venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) colocou o grupo empresarial J&F, controlador da JBS, na mira da Polícia Federal. A corporação anunciou que dedicará um inquérito autônomo para aprofundar a relação entre um lobista investigado, Andreson de Oliveira Gonçalves, e a gigante do setor de carnes. Em uma ligação interceptada, Anderson afirmou ter recebido R$ 19 milhões do grupo por sua atuação em um processo no STJ.

A decisão de abrir uma nova frente de apuração foi formalizada em um relatório parcial da PF. Segundo o documento, a complexidade e o volume de provas que ligam Andreson e sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Gonçalves, ao grupo J&F exigem uma análise separada. “Diante da quantidade de informações que apontam para a relação de Andreson e Mirian Ribeiro com o Grupo JBS e a complexidade desses elementos probatórios, consigna-se que essa vertente será mais bem aprofundada em procedimento investigativo autônomo”, registrou a PF.

As suspeitas são alimentadas por transações financeiras vultosas e diálogos interceptados. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou transferências que somam R$ 15 milhões da JBS para o escritório de advocacia de Mirian. Em uma conversa gravada, o próprio Andreson afirmou ter recebido R$ 19 milhões do grupo por sua atuação em um processo no STJ.

Para os investigadores, um diálogo específico reforça a necessidade de aprofundar o caso. Nele, o lobista discute cifras expressivas e contextualiza sua atuação. “No diálogo, além de mencionar cifras expressivas, denota-se que Andreson destacou que o processo estava ligado ao ‘pessoal do Sr. Zé Mineiro’, em referência a José Batista Sobrinho, fundador da JBS, maior empresa do setor de carnes do mundo e pai de Joesley e Wesley Batista, empresários amplamente conhecidos por episódios de repercussão nacional”, detalha o relatório da PF.

Confrontada com os fatos, a JBS confirmou os pagamentos, mas os atribuiu a serviços advocatícios. Em nota, a maior produtora de proteína do mundo declarou: “Qualquer pagamento feito ao escritório da advogada se refere a honorários – êxito ou pró-labore – em processos da empresa. Todos os serviços possuem efetiva comprovação nos autos desses procedimentos. O escritório não presta mais serviços para a JBS”.

A defesa de Andreson de Oliveira Gonçalves, por sua vez, foi contatada, mas optou por não se manifestar sobre as alegações.

Com informações do Estadão

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