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Saiba por que o agronegócio brasileiro tem prejuízo mesmo com safra recorde

Problema está fazendo produtores perderem poder de barganha

O Brasil colherá neste ano 345 milhões de toneladas de grãos, garantindo mais uma safra recorde. No entanto, especialistas apontam que, mesmo com o crescimento da produção, o agronegócio brasileiro tem prejuízo devido a problemas na logística e na capacidade de armazenamento. Conforme publicação do O Globo, dos quase 12 mil silos e armazéns existentes, apenas 62% da produção consegue ser guardada, deixando quase 40% ao relento. Além disso, apenas 16% dos produtores possuem silos em suas propriedades, o que limita o poder de barganha na hora da comercialização.

Enquanto isso, concorrentes como os Estados Unidos possuem capacidade de armazenamento superior à produção, permitindo maior margem de segurança e planejamento. O país norte-americano conta com silos que armazenam 680 milhões de toneladas, mais de 20% acima da produção estimada. Já no Brasil, a maior parte dos silos está em áreas urbanas, controlada por cooperativas e tradings, e apenas pouco mais de 10% se encontra nas fazendas. A situação contrasta com outros países: nas propriedades rurais, a capacidade de estocagem chega a 40% na Argentina, 50% na União Europeia, 65% nos EUA e 80% no Canadá.

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O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, reconhece que o setor ainda carece de investimentos: “A gente precisa investir mais, o setor privado mais ainda”. Construir e manter silos é caro — mão de obra, energia e cuidados fitossanitários aumentam os custos —, e muitos produtores optam por não investir. Isso os obriga a escoar rapidamente a produção para grandes empresas, perdendo poder de barganha e enfrentando mais gastos com transporte e padronização.

O êxito da agricultura brasileira desde os anos 1970 intensificou a pressão sobre a logística do setor, que ainda enfrenta estradas e ferrovias insuficientes. Programas de financiamento do BNDES e do Banco do Brasil tentam ampliar a capacidade de silos e armazéns, mas especialistas afirmam que ainda há falhas a serem corrigidas para que o setor aproveite totalmente a sua produção.

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*Com informações do O Globo