COVID

SP mantém vacinação de adolescentes e critica nova regra do Ministério da Saúde

O estado e a prefeitura de São Paulo decidiram manter os adolescentes de 12 a…

O estado e a prefeitura de São Paulo decidiram manter os adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidade na lista das pessoas que serão vacinadas contra a Covid-19, contrariando a nova orientação divulgada pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (15).

O governo de São Paulo criticou a decisão do Ministério da Saúde, e a prefeitura da capital especulou que a restrição se explica por razões logísticas, já que há relatos sobre falta de doses em algumas capitais.

Em nota da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-1, vinculada ao Ministério da Saúde, a pasta diz ter revisado a recomendação para imunização de adolescentes sem comorbidade. O órgão federal restringiu o esquema vacinal ao público de 12 a 17 anos com comorbidade ou deficiência e aos privados de liberdade.

A decisão pegou estados e municípios de surpresa. O governo de São Paulo disse lamentar a decisão do Ministério da Saúde e afirmou que ela vai na contramão de autoridades sanitárias de vários países.

“A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e famílias que esperam ver os seus filhos imunizados, além de professores que convivem com eles”, diz trecho de nota enviada pela gestão de João Doria (PSDB).

“Coibir a vacinação integral dos jovens de 12 a 17 anos é menosprezar o impacto da pandemia na vida deste público”, diz a nota. De acordo com o governo de São Paulo, 3 a cada 10 adolescentes que morreram com Covid no estado não tinham comorbidades.

“Infelizmente, e mais uma vez, as diretrizes do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde chegaram com atraso e descompassadas com a realidade dos estados, que em sua maioria já estão com a vacinação em curso”, afirma a gestão Doria.

No estado, cerca de 2,4 milhões de pessoas entre 12 e 17 anos já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid —72% deste público.

Na capital paulista, até 15 de setembro, foram aplicadas 712.499 primeiras doses em adolescentes de 12 a 17 anos de idade, representando 84,4% de cobertura vacinal do público, estimado em 844.073 pessoas. A gestão de Ricardo Nunes (MDB) afirmou em nota que, por esse motivo, não interromperá a vacianção dessa faixa etária.

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo afirma ainda que “a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a vacinação dos adolescentes acima de 12 anos com o imunizante da Pfizer, com indicação e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”.

A secretaria também diz que “a restrição imposta pelo governo federal [se deve a] questão logística”, já que se trata “de um imunizante eficaz e seguro previamente autorizado”.

Como a Folha tem noticiado, diversos estados enfrentam problemas com falta de doses para seguir com o calendário de vacinação.

O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) pediram nesta quinta-feira (16) posicionamento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a vacinação de adolescentes sem comorbidade após o Ministério da Saúde rever orientação para imunização desse grupo.

Secretários disseram à Folha que não foram consultados e que a mudança não passou pela Câmara Técnica do PNI (Programa Nacional de Imunizações).

O texto do ministério afirma que a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid- 19 “revisou a recomendação” para imunização do grupo e diz que a OMS não orienta a imunização de criança e adolescente, que a maioria dos jovens dessa idade sem comorbidade com Covid apresenta “evolução benigna” da doença, entre outros pontos.

O ministério também afirma que não estão claramente definidos os benefícios de vacinar adolescentes sem comorbidade