Justiça

STF forma maioria para proibir revista íntima em visitantes de presídios

Para Edson Fachin, relator da ação, ausência de equipamento eletrônico não pode ser desculpa para 'prática vexatória'

STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria nesta sexta-feira (19) para proibir revista íntima nos visitantes de presídios e também para considerar ilícitas as provas obtidas nesse tipo de procedimento.

Até a tarde desta sexta, cinco ministros haviam seguido o relator da ação, Edson Fachin.

O ministro propôs que o Supremo fixe a tese de que “é inadmissível a prática vexatória da revista íntima em visitas sociais nos estabelecimentos de segregação compulsória, vedados sob qualquer forma ou modo o desnudamento de visitantes e a abominável inspeção de suas cavidades corporais”.

Além disso, definiu que “a prova a partir dela obtida é ilícita” e que não cabe “como escusa a ausência de equipamentos eletrônicos e radioscópicos”.

“Assente-se que é lícita a busca pessoal, porém em visitantes de estabelecimentos prisionais deve ser realizada apenas após a submissão a equipamentos eletrônicos e se for fundada em elementos concretos ou documentos que materializem e justifiquem a suspeita do porte de substâncias/objetos ilícitos ou proibidos”, diz Fachin em seu voto.

“Todavia, o desnudamento de visitantes e a inspeção de suas cavidades corporais, ainda que alegadamente indispensáveis à manutenção da estabilidade no interior dos presídios, subjugam todos aqueles que buscam estabelecer contato com pessoas presas, negando-lhes o respeito a direitos essenciais de forma aleatória”, continua o ministro.

“A ausência de equipamentos eletrônicos não é nem pode ser justificativa para impor revista íntima.”

O julgamento acontece por meio do plenário virtual do Supremo, onde os integrantes da corte depositam seus votos, e se encerra na noite desta sexta.

Seguiram o voto de Fachin os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, André Mendonça, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Gilmar propôs que a tese inclua que a revista íntima seja substituída no prazo de 24 meses pelo uso de scanner corporal.

Os ministros Dias Toffoli, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes divergiram de Fachin. Luiz Fux ainda não votou.

Moraes propôs que a revista íntima seja considerada excepcional, devidamente motivada e com a concordância do visitante. Para ele, a revista deveria ser feita de acordo com protocolos estabelecidos, por pessoas do mesmo gênero e exclusivamente por médicos na hipótese de exames invasivos. Nunes Marques seguiu a mesma proposta.