Trump é intimado a depor em CPI que investiga ataque ao Capitólio
Data estipulada pelo grupo é 'a partir do dia 14', mas ex-presidente tem até dia 4 para entregar documentos solicitados, incluindo relatório de suas comunicações no dia da invasão

A comissão do Congresso dos EUA que investiga o ataque ao Capitólio intimou formalmente o ex-presidente Donald Trump nesta sexta-feira para testemunhar “a partir de 14 de novembro”. Em uma carta tornada pública, também o instruiu a entregar uma série de documentos até o dia 4, incluindo um relatório de todas as suas comunicações no dia da invasão.
“Conforme demonstrado em nossas audiências, reunimos evidências contundentes, inclusive de dezenas de seus ex-nomeados e funcionários, de que você pessoalmente orquestrou e supervisionou um esforço de várias partes para derrubar a eleição presidencial de 2020 e obstruir a transição pacífica de poder”, escreveu a comissão.
Em sua intimação, a comissão exige especificamente que Trump entregue quaisquer comunicações, enviadas ou recebidas durante o período de 3 de novembro de 2020 a 20 de janeiro de 2021, com mais de uma dúzia de seus aliados próximos que foram apontados pela investigação como atores-chave na tentativa de derrubar as eleições de 2020.
De acordo com uma apuração da CNN, Trump e sua equipe jurídica estão discutindo como responder à intimação, mas que nenhuma decisão teria sido tomada ainda. Trump contratou os advogados Harmeet Dhillon e Jim Trusty para coordenar sua resposta à intimação.
A decisão para intimar Trump foi tomada pelos deputados na quinta-feira da semana passada, naquela que pode ter sido a última reunião pública da comissão que investiga o ataque ao Capitólio. A medida foi uma das principais decisões tomadas em mais de um ano de trabalho parlamentar.
— Devemos buscar o testemunho, sob juramento, do personagem central do 6 de janeiro — afirmou na ocasião a deputada republicana Liz Cheney, rival de Trump e que foi derrotada nas primárias de seu estado, o Wyoming, por uma aliada do ex-presidente.
Caso não respeite a intimação, o ex-presidente pode ser acusado de desacato ao Congresso e ser submetido a uma votação na Câmara. Caso aprovada, a moção seguiria para o Departamento de Justiça, que pode ou não abrir um processo criminal contra ele. Em julho, o estrategista político Steve Bannon foi condenado pelo mesmo crime, também por se recusar a fornecer informações à comissão. A pena foi conhecida nesta sexta-feira: quatro meses de prisão e pagamento de multa de US$ 6,5 mil.
Trump foi apontado pelos deputados como “a causa central” da invasão que deixou sete mortos e levou a mais de 800 processos contra apoiadores do republicano.
— Nada poderia ter acontecido sem ele. Ele estava pessoal e substancialmente envolvido em tudo isso — disse Cheney na reunião de semana passada. — As vastas evidências apresentadas até agora mostraram que a causa central do [ataque de] 6 de janeiro foi um homem, Donald Trump, seguido por muitos outros posteriormente.