CORONAVÍRUS

Vacina para pacientes imunodeprimidos é segura e eficaz, diz estudo da USP

Um estudo inédito do Hospital das Clínicas da USP traz luz a uma recente polêmica…

Um estudo inédito do Hospital das Clínicas da USP traz luz a uma recente polêmica e indica que a vacinação contra a Covid-19 em pacientes imunossuprimidos é segura e produz boa resposta imune, atestando que essas pessoas não só podem como devem ser vacinadas.

No último dia 1º, durante depoimento à CPI da Covid, a médica Nise Yamaguchi disse que não poderia ser imunizada contra a Covid por ter uma doença autoimune. Foi o bastante para provocar alarde entre os pacientes e gerar dúvidas sobre a segurança da imunização nesse grupo.

No mesmo dia, a SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia) emitiu nota na direção oposta da fala da médica, recomendando que pessoas com doenças autoimunes sejam vacinadas contra a Covid-19 —incluindo todas as vasculites, doença da qual diz Nise Yamaguchi ser portadora. O texto apenas pondera que o momento mais apropriado para a imunização deva ser debatido entre o paciente e seu médico.

O estudo do HC acompanhou 1.193 pessoas com doenças reumáticas, entre elas artrite reumatoide, vasculite, lúpus eritematoso, e pacientes com HIV. Também observou outras 492 pessoas de um grupo controle sem nenhuma doença imunossupressora. ​

Amostras de sangue para identificação de anticorpos foram analisadas antes e depois de seis semanas da vacinação completa com a Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.

Um dos objetivos principais era avaliar a segurança da vacina nesses pacientes, que já podem ter uma maior propensão a tromboses.

“As pessoas podem tomar a vacina com tranquilidade. Não tivemos nenhum caso de efeito colateral moderado ou grave”, diz Eloísa Bonfá, diretora clínica do HC e coordenadora da pesquisa.

As reações adversas observadas, segundo ela, foram leves e já previstas em bula, e muito semelhantes às do grupo controle.

O outro objetivo era saber se esses pacientes imunossuprimidos tinham uma boa resposta imunológica vacinal. Em geral, eles já têm uma diminuição da defesa imune própria da doença e ainda tomam medicamentos que causam uma redução da imunidade.

Segundo Bonfá, já era esperado que esses indivíduos tivessem uma resposta imunológica vacinal menor em relação ao grupo de controle, o que realmente aconteceu. No estudo, as sorologias de um subgrupo de 910 pacientes reumatológicos e 182 do grupo controle foram comparadas na sexta semana após aplicação do esquema vacinal completo, mostrando soroconversão para anticorpos do tipo IgG de 70,4% nos imunossuprimidos, contra 95,5% no grupo controle.