ENEM

Zé Ramalho diz que presença de sua música no enem prova ‘situações políticas atualizadas’

O cantor Zé Ramalho comentou o fato de que sua música “Admirável Gado Novo” foi…

O cantor Zé Ramalho comentou o fato de que sua música “Admirável Gado Novo” foi citada na prova do Enem 2021. Segundo ele, isso mostra que ‘essa letra contém situações sociais e políticas atualizadas, acho que para sempre. Desde que o conceito de ‘atualizada’ refere-se à situação também ‘para sempre’ do povo brasileiro”, refletiu.

Ainda segundo cantor, ele se sentiu “recompensado” com a citação. “Sinto-me recompensado por essa letra, que já tem quase 50 anos, estar se destacando nessas avaliações oficiais do conhecimento atual dos alunos, que estão sendo testados”, completou Ramalho.

E o que dizia a questão?

O professor de história, Guilherme Freitas, da escola Seb Lafaiete, diz que a questão com a música de Ramalho pedia ao candidato que interpretasse um trecho da letra da canção e a relacionasse com a exclusão vivida pela população.

“Surpreendentemente, diante de todas as denúncias que cercaram o Enem nos últimos dias, a prova voltou a trazer questões que abordam a história contemporânea brasileira. Ainda que a ditadura militar não tenha sido abordada, outros períodos importantes apareceram”, conta Freitas.

De acordo com Renato Pellizzari, professor de História do Descomplica, a resposta correta à pergunta citava uma postura de passividade na sociedade brasileira.

Outros pontos marcantes da prova

Além de “Admirável Gado Novo”, as músicas “Comportamento Geral”, de Gonzaguinha, e “Sinhá”, de Chico Buarque, foram citadas no primeiro dia de provas do Enem. Nenhuma questão do Enem 2021 abordou a ditadura militar no país. Desde o início do governo Bolsonaro, o período histórico foi suprimido da prova.

“Ainda que não tenha abordado a ditadura militar, a prova deste ano voltou a falar da história contemporânea, o que é muito positivo e importante. O exame trouxe duas questões sobre Getúlio Vargas”, diz Freitas.

Apesar das denúncias de interferência do Governo Federal, a prova abordou questões sobre minorias, como população indígena, população carcerária e desigualdade de gênero. Umas das questões, por exemplo, falou sobre as dificuldade de mulheres cientistas no século 19 diante da exclusão que sofriam com a sociedade patriarcal.

Outras questões como sobre populações indígenas e carcerária do país apareceram no exame deste ano. Já no que diz respeito à redação, os candidatos tiveram que fazer uma dissertação sobre a “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil’.