Goiano que estava em Israel relata passagem por abrigos antibombas: “medo das sirenes”
"É importante elogiar o governo federal, que organizou ônibus de Jerusalem para o aeroporto e nos ajudou", diz Alessandro Borgomanero

Quatro goianos que estavam em Israel e chegaram no começo desta tarde de sexta (13) ao aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), irão desembarcar em Goiânia por volta da meia-noite. Um deles é o violinista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Alessandro Borgomanero. Ele estava em um hotel, em Jerusalém, com a esposa e os cunhados, quando houve o ataque do Hamas, no último sábado (7).
O grupo que faria turismo religioso era formado por 41 pessoas. Quatro goianos. No avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que os trouxe, vieram 69 pessoas, além da tripulação. “É um avião para 60 passageiros e nove tripulantes. Os tripulantes, contudo, ficaram em pé e puderam vir mais nove passageiros. Eram militares de várias patentes, que ficaram em pé durante a viagem.”
O clima é de alívio e alegria. Segundo Alessandro, no dia que começou o conflito “tomamos um susto e ganhou uma enorme proporação”. No domingo (8), ele revela que tudo já estava fechado e todos os passeios cancelados. “Na terça-feira (11) descobrimos que os voos comerciais foram cancelados. Ficaríamos no hotel até a quarta (12).”
Borgomanero também revela que as sirenes eram constantes. Todas as vezes que tocavam, era preciso ir para o abrigo antibombas do hotel. “Tínhamos medo das sirenes.”
Ainda segundo ele, logo no início do conflito foi feito um formulário na embaixada brasileira e, na terça, uma pessoa do grupo recebeu a informação dos voos. “É importante elogiar o governo federal, por meio da embaixada, que organizou ônibus de Jerusalem para o aeroporto e nos ajudou, levou para o embarquqe”, celebrou.
Em Viracopos, eles foram recebidos pelo chefe de Gabinete de Assuntos Internacionais de Goiás, Giordano Souza. “Chegaremos em Goiânia à meia-noite”, disse Alessandro. “A Azul disponibilizou cortesia para todos os passageiros vindos de Israel.”
É preciso dizer, foram contabilizados – informalmente – 14 goianos repatriados. Até o momento, 701 brasileiros chegaram ao País, mas foram cadastrados mais de 2,7 mil para retornar. Os voos de busca seguirão.

Governo federal
Pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revelou ter conversado, na quinta-feira (12), com o presidente de Israel Isaac Herzog. “Agradeci o apoio para a operação de retirada dos brasileiros que desejam retornar ao nosso país. Reafirmei a condenação brasileira aos ataques terroristas e nossa solidariedade com os familiares das vítimas.”
Ainda conforme o texto, Lula solicitou ao presidente todas as iniciativas possíveis para que não falte água, luz e remédios em hospitais. “Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz.”
A guerra entre Israel e o Hamas, que ocorre desde sábado (7), quando radicais do segundo invadiram o país matando e sequestrando civis, já tem o triste saldo de 3 mil mortes. Foram confirmados pelo Ministério da Saúde palestino, nesta sexta, 1.799 mortos na Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmam outras 1,3 mil.
Há, ainda, outros 11 mortos na Cisjordânia. Segundo o The New York Times, militares israelenses atacaram depois de palestinos participarem de protesto em solidariedade a Gaza.