Acusações contra João de Deus assustam moradores de Abadiânia
Na cidade goiana cuja economia gira em grande parte em torno da afluência de pessoas ao hospital espiritual do médium, sentimentos se dividem em apoio e desconfiança
Os pouco mais de 15 mil moradores de Abadiânia, um pequeno município de Goiás, a 113 quilômetros de Brasília, acordaram ontem assustados com as denúncias de abuso sexual contra o morador mais ilustre da localidade, o médium João Teixeira de Farias, conhecido mundialmente como João de Deus.
Como revelaram O GLOBO e o programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, que foi ao ar na sexta-feira à noite, mulheres acusaram o médium de abusos sexuais.
Na tarde de sábado, a reportagem foi até Abadiânia para acompanhar a repercussão do caso no lugar que tem uma parte importante de sua economia estruturada no turismo religioso atraído pelo médium. Os sentimentos de desconfiança e de solidariedade misturavam-se entre os moradores e visitantes da cidade.
Nas dependências da Casa de Dom Inácio de Loyola, centro espiritual onde João de Deus atende fiéis de todas as partes do mundo, a ordem dada aos funcionários era uma só: “Silêncio”. Zeladores, trabalhadores da lanchonete e até mesmo atendentes da recepção e da lojinha de itens religiosos do lugar estavam impedidos de comentar o caso.
Os fiéis, porém, saíram em defesa do médium. A jornalista Chandra Pimentel, de 34 anos, disse que já foi atendida pessoalmente, em várias ocasiões, por João de Deus, e que não tem qualquer queixa a fazer contra o líder religioso.
— Pelo que eu vejo, pelo que eu sinto, e por tantas pessoas que convivem aqui com ele, acho que é uma denúncia suspeita. Eu já estive sozinha com ele várias vezes. Ele me trata sempre muito bem, com muito carinho, com muito respeito.
João de Deus atende milhares de pessoas três vezes por semana em Abadiânia. Ontem, como costume, ele não trabalhou. Ainda assim fiéis, todos estrangeiros, faziam orações na Casa de Dom Inácio.