Aluno que cometeu atentado em escola de Goiás tem direito de se matricular, diz Seduc
"O estudante foi aluno da rede pública estadual, em outra cidade, por dois anos, não havendo qualquer registro que desabone seu comportamento", diz a Seduc

O estudante que cometeu um ataque com bombas caseiras e arma branca há cerca de dois anos no Colégio Estadual Dr. Marco Aurélio, em Santa Tereza de Goiás, teve a matrícula na instituição confirmada pelo Estado. Em nota ao Mais Goiás, na terça-feira (16), a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que “a matrícula do estudante para o ano letivo de 2026 já foi feita, conforme determinação legal e direito inequívoco do jovem”.
Na segunda-feira (15), alguns pais de outros alunos fizeram um abaixo-assinado para tentar impedir o retorno do estudante à escola. Eles alegavam que a presença dele seria um “risco concreto à segurança coletiva”, além de gerar pânico entre a comunidade escolar. Ainda conforme os responsáveis, seus filhos estão com medo e com sentimento de insegurança. O texto foi encaminhado à Promotoria de Justiça da Comarca de Estrela do Norte.
Conforme a Seduc, contudo, “o estudante, antes de se matricular em unidade escolar em Santa Tereza de Goiás, foi aluno da rede pública estadual, em outra cidade, por dois anos consecutivos, não havendo qualquer registro que desabone seu comportamento durante as aulas e/ou atividades escolares”. Disse, ainda, que “o estudante, após a ocorrência que o levou ao sistema socioeducativo, cumpriu, entre outras determinações, a frequência à escola, tendo, inclusive, alcançado boas notas e a aprovação para as séries seguintes”.
O Mais Goiás não conseguiu contato com o pai do jovem. A mãe de um dos alunos da escola, contudo, disse ser a favor do estudante voltar. Sobre o abaixo-assinado, ela reforçou que “todos merecem uma segunda chance”. Disse, ainda, que talvez ele tenha sofrido bullying na época e ninguém ligou para o sofrimento dele. “Agora ele é um rapaz e tem outros pensamentos”, acredita.
O portal também procurou o Ministério Público de Goiás e aguarda retorno.
Confira a nota da Seduc na íntegra:
“Em atenção à solicitação de informações sobre matrícula de estudante oriundo do sistema socioeducativo, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) esclarece e responde:
- A matrícula do estudante para o ano letivo de 2026 já foi feita, conforme determinação legal e direito inequívoco do jovem;
- Importante destacar que o estudante, antes de se matricular em unidade escolar em Santa Tereza de Goiás, foi aluno da rede pública estadual, em outra cidade, por dois anos consecutivos, não havendo qualquer registro que desabone seu comportamento durante as aulas e ou atividades escolares;
- A Seduc/GO também ressalta que, o estudante, após a ocorrência que o levou ao sistema socioeducativo, cumpriu, entre outras determinações, a frequência à escola, tendo, inclusive, alcançado boas notas e a aprovação para as séries seguintes;
- Assim exposto, a Secretaria Estadual da Educação, para além de assegurar a matrícula do aluno e garantir a continuidade de seus estudos, busca contribuir com todo o trabalho já desenvolvido por autoridades do Conselho Tutelar, Juizados, do Ministério Público, entre outros órgãos, diretamente responsáveis pela plena formação da cidadania do referido estudante.“
Atentado
Em abril de 2023, um garoto de 13 anos esfaqueou dois colegas e uma professora do Colégio Estadual Dr. Marco Aurélio, em Santa Tereza de Goiás. Na ocasião, ele foi dominado por faxineiro e servidores da instituição e disse que era vítima de bullying.
O menino entrou na instituição armado com machadinha, facas, estilete e bombas caseiras. De acordo com o relato naquele momento, a intenção era fazer o máximo de vítimas possível. O faxineiro usou uma cadeira para dominar o garoto, que seguia para o auditório do colégio, onde pretendia utilizar os explosivos.
Depois de apreendido e já na delegacia, o agressor admitiu ter aprendido a fabricar os artefatos por meio de vídeos na internet. Ele também afirmou que consumia vídeos de ataques semelhantes na internet. As vítimas foram socorridas e não correram visco de vida.