ABASTECIMENTO

Baixa vazão do Rio Meia Ponte pode levar à racionamento de água, diz comitê

A vazão do Rio Meia Ponte ficou em 2.978 litros por segundo na última segunda-feira (30) - o que já é considerado nível crítico

A vazão do Rio Meia Ponte ficou em 2.978 litros por segundo na última segunda-feira (30) – o que já é considerado nível crítico. O rio é dos que abastecem Goiânia e segundo o presidente Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte (CBH Meia Ponte), Fábio Camargo, sua vazão de escoamento teve uma redução drástica nos últimos 20 dias. Caso continue nesse ritmo, o racionamento de água na capital poderá ser acionado.

Esta é a primeira vez no ano que a vazão do Meia Ponte fica abaixo de três mil litros pos segundo. Em entrevista à CBN, Fábio Camargo alertou que se a vazão permanecer nesse patamar por sete dias consecutivos, passa a ser considerada de nível crítico 3 (quando é menor ou igual a três mil litros por segundo). “Em 2019, também tivemos uma seca forte e por pouco não tivemos que fazer racionamento. Em 2021 o cenário se aproxima muito a 2019 e 2017 [quando a estiagem também foi rigorosa]”, afirmou.

O presidente do CBH Meia Ponte, órgão colegiado voltado para a gerenciamento de recursos hídricos, adiantou ainda que, apesar do órgão trabalhar para que não aconteça, o racionamento de água em Goiânia ser aplicado em Goiânia caso a vazão do rio continue baixa.

“Em 20 dias abaixou muito. Se continuarmos nessa redução drástica, chegaremos sim à necessidade de racionar água. Só que, como acontece todos os anos, no começo do ano o Comitê emite uma portaria tentando dificultar ao máximo essa ação de racionamento”, concluiu.

Rio Meia Ponte ameaçado

Conforme a Polícia Civil de Goiás, cerca de mil construções em 14 loteamentos podem ser demolidas por provocarem danos ambientais irreversíveis ao Rio Meia Ponte. O órgão revelou que essas construções foram erguidas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) situadas às margens do Rio Meia Ponte e do Córrego Capoeira de Dentro, mudando cursos d’água, secando nascentes e erguendo muros e drenos em áreas de brejo.

De acordo com o engenheiro florestal Douglas Cezar, esse tipo de edificação é comum em Goiás e provoca efeitos extremamente nocivos para o meio ambiente. “APPs são áreas que devem ser respeitadas segundo as legislações específicas, para que a gente tenha uma maior proteção dos mananciais e evite erosões, assoreamentos e questões relacionadas a diminuição da água. Então, se você remove uma APP, você tem problemas relacionados a todos esses quesitos”, pontuou.