28 de Novembro

Black Friday impulsiona início antecipado das compras de Natal e deve elevar vendas em até 10% em Goiás

Expectativa dos diferentes setores é positiva, apesar dos desafios trazidos pela economia brasileira

A Black Friday se tornou, ao longo dos últimos anos, um período de extrema relevância para o comércio brasileiro. À medida que se popularizou e, consequentemente, ganhou força no país, a data se consolidou como um momento esperado, calculado e planejado pelos grandes setores da economia ano após ano. Em Goiás, a Fecomércio estima um aumento de até 10% com o fenômeno promocional.

A iniciativa, que nasceu nos Estados Unidos, trouxe um benefício significativo aos lojistas em diferentes regiões do Brasil: ampliou o período mais expressivo de compras do ano, o Natal. Com a Black Friday, os consumidores começam a adquirir produtos mais cedo e estendem as compras ao longo de dezembro, o que impulsiona a economia em diversos setores.

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“A Black Friday hoje funciona como um esquenta para o Natal. As pessoas já iniciam suas compras agora. Sem contar que a Black Friday já não se restringe mais a uma sexta-feira ou a uma semana específica, ela se tornou praticamente uma Black November, com promoções em todas as áreas ao longo de todo o mês”, disse o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, antes de acrescentar que “hoje se compra até imóvel em promoção nesse período”.

O clima de celebração trazido pelo Natal e pelas demais festividades de fim de ano, como confraternizações e amigo-secreto, alimenta ainda mais o giro de capital nesse período. Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Aparecida (Acirlag), Maione Padeiro, a chegada da época em que se “troca presentes” impulsiona fortemente a economia.

“Essa é a hora em que as pessoas começam visitar seus familiares e a presentear as pessoas por quem tem carinho. Sempre temos um aumento muito bom e é justamente isso que o setor espera novamente esse ano. O trabalho antecipado com uma boa comunicação, divulgação de preços e produtos, pode elevar as vendas de determinado comércio em até 30%”, afirmou.

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A Fecomércio estima um crescimento médio das vendas que pode chegar a 10%. Segundo o empresário e presidente da Fecomércio Jovem, Emerson Tokarski, o consumidor está mais consciente, mas também mais atento às oportunidades. “A gente percebe uma intenção de compra elevada, especialmente porque houve um aumento da procura por ofertas já no início de novembro. Isso mostra que o goianiense está planejando mais as compras”, pontua.

Ele acrescenta: “Nossa projeção, considerando o histórico do varejo na capital e os dados de movimentação do setor, é de um crescimento entre 7% e 10% nas vendas, somando varejo físico e digital. Alguns segmentos devem ultrapassar isso por conta de estoque agressivo e da entrada de novos players no mercado”.

Otimismo apesar dos desafios

Para o presidente da Associação Empresarial da Região da Rua 44 (AER44), Sergio Naves, “o ano tem sido desafiador para o varejo nacional”. “Com a taxa Selic alta, o custo do crédito reduz o poder de compra do consumidor. Outro fator que tem impactado fortemente o mercado é o crescimento das bets (apostas esportivas) no país, que vêm absorvendo uma parcela significativa da renda popular e afetando diretamente o comércio tradicional”, alerta.

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Nesse cenário, ele avalia que a Região da 44 pode não registrar um crescimento relevante nas vendas. “Mas estimamos que não haverá queda em relação ao ano passado. Nossa expectativa é que a Black Friday movimente aproximadamente R$ 1,5 milhão em vendas apenas neste dia (28 de novembro)”, afirma.

Além das bets, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Estado de Goiás (Sindilojas-GO), José Reginaldo Garcia, chama reforça o fator preocupante trazido pela economia e citado por Naves: a alta da Selic.

“A expectativa é positiva, porém com algumas incertezas. O 1º semestre superou todas as expectativas, porém com a Selic a 15% e o endividamento das famílias batendo recordes, todo o cuidado do lojista é pouco. O comércio varejista é resiliente e atento às mudanças de hábitos do consumidor. A cada dia, o espaço entre o planejamento e a venda diminuem, ou seja, a velocidade da informação e planejamento de compras pelo lojista e consumidor são quase instantâneas”, destaca.

Ainda assim, ele acredita que o saldo final será positivo, com o segmento alcançando uma receita na ordem de 7%, aproximando o mercado dos R$ 790 milhões em receita bruta. “A diferença se deve a reposição inflacionária dos últimos doze meses”, pontua.