Caso Ariane: réu conta ao júri como ocorreu o assassinato, com “mata-leão” e facadas
Acusados responsabilizaram menor apreendida como mentora do crime

Jeferson Cavalcante Rodrigues, um dos acusados de participar do assassinato de Ariane Bárbara, deu detalhes ao júri, nesta terça-feira (29), em Goiânia, como a jovem foi morta. Ele disse que a menor apreendida pelo crime mandou ele tirar a tampa e forrar o porta-malas. Além disso, afirmou que o sinal para o cometimento do crime seria um estalo de dedo para que Freya (nome social de Enzo Jacomini Carneiro Matos, condenado em março a 15 anos) colocasse uma música.
Ainda segundo ele, Raíssa tentou enforcar Ariane pela primeira vez, mas não deu certo. A jovem chegou a rir e pensou se tratar de uma brincadeira. “Passaram uns minutos, Raissa tentou e não conseguiu de novo. Nisso, a Freya pulou pro banco de trás e deu um mata-leão na Ariane e a Raissa deu a facada, com incentivo de Sarah e Freya.”
No começo do depoimento, Jeferson colocou a responsabilidade do crime na menor apreendida. Segundo o réu, a adolescente afirmou que mataria ele e a família dele, caso não participasse. Ela teria mostrado a localização da casa dele e afirmado que o pai dela era traficante em Brasília. Além disso, também teria dito que a mãe tinha passagens pela polícia.
Antes, Raissa declarou que a menor foi quem escolheu a vítima e planejou o crime. “Primeiro ela falou pra eu escolher a vítima e eu não escolhi, [então] ela escolheu. O plano era eu enforcar ela [Ariane]. De noite, ela deu cocaína para a gente cheirar para dar mais coragem. O Jeferson buscou, buscou a Freya e quem mandou a mensagem foi a menor, chamando a Ariane”, disse ela ao júri.
Neste momento, Ministério Público e as defesas falam.
Caso Ariane Bárbara: relembre o crime
A vítima foi encontrada morta em uma mata no setor Jaó, em Goiânia, após sair para encontrar com os amigos. De acordo com a denúncia, o homicídio ocorreu por volta das 21 horas de 24 de agosto de 2021.
Segundo a investigação, Jeferson, Raíssa, Enzo e uma menor conheceram Ariane por frequentarem uma pista de skate pública em Goiânia. Raíssa, então, decidiu realizar um” teste prático” com ela mesma, a fim de averiguar se possuía psicopatia, se colocando à prova quanto à coragem para tirar friamente a vida de um ser humano e não sentir remorsos.
Diante disso, Jeferson, Enzo e a adolescente resolveram auxiliar Raíssa a executar o plano dela. O grupo chamou a vítima para um passeio com lanche e afirmou que levaria a vítima de volta para casa em seguida. Porém, mataram-na no trajeto.
Ariane foi colocada no banco de trás do carro, entre a adolescente e Raíssa. Jeferson passou a dirigir pela cidade e, em determinado momento, colocou para tocar uma música e estalou os dedos, sinais esses previamente pactuados como indicativos do momento em que a execução deveria começar.
Imediatamente, Raíssa tentou estrangular Ariane, mas a força empregada foi insuficiente. Ainda, com o veículo em movimento, Enzo trocou de assento com Raíssa e passou a enforcar a vítima pelas costas, golpe conhecido por “mata-leão”, fazendo com que Ariane desmaiasse.
Raíssa voltou para o banco de trás, quando ela e a menor pegaram facas, que estavam guardadas em um compartimento atrás do banco do motorista, e efetuaram diversos golpes em Ariane, causando-lhe lesões corporais que evoluíram para a morte dela.
Após matarem a vítima, Jeferson parou o veículo para que Raíssa e a menor colocassem o corpo dela no porta-malas. Enzo indicou um matagal que era de seu conhecimento, situado no Setor Jaó, como sendo um lugar propício para desovarem o cadáver da jovem. Ao chegarem no destino, os denunciados carregaram o corpo de Ariane na mata e lá o cobriram de terra e pedras. Depois de esconderem o cadáver, eles foram até um banheiro público localizado na galeria Pátio do Lago, para se limparem, e, em seguida, pararam para lanchar.