Coronavírus ameaça planos de casamento de goiano sitiado na Itália; conheça a história
Ronieri Magalhães de Sá, de 35 anos, foi à Itália para requerer cidadania e está impedido de voltar para Goiânia

O empresário goiano Ronieri Magalhães de Sá, de 35 anos, está sitiado na Itália – segundo maior foco de contaminação do coronavírus no mundo, depois da China – há pouco mais de quatro meses. Roni viajou para Europa com a intenção de expandir o seu negócio e planejava voltar a Goiânia a tempo de se casar com a noiva Vanessa em junho ou julho. No entanto, a pandemia colocou pontos de interrogação no projeto matrimonial do casal.
Deixar a Itália neste momento é impossível. O simples ir e vir está limitado por uma série de decretos governamentais. “A polícia te para se você resolve andar na rua. Perguntam por que saiu de casa”, relata Roni. O jeito é conversar via videochamada com Vanessa, com a mãe e o irmão, que moram em Goianira; e a irmã, que vive em Pires do Rio até que ele possa voltar e se casar com a noiva.
“Minha mãe está muito tensa. Ela me liga todo dia. Digo que está tudo bem e peço que não saia de casa, porque já tem 65 anos e faz parte do grupo de risco”, diz o empresário. Ele está sitiado em San Salvo, a três horas de Roma. Na cidade dele, não há casos confirmados de Covid-19, mas em localidades próximas – como Pescara – já há casos críticos de contaminação por coronavírus.
Roni é dono de uma academia de artes marciais em Goiânia. Tem turmas de muai thay, tae kwon do, jiu jitsu e kav maga. Seu projeto é montar equipes em Londres – onde esteve meses atrás – e na Itália. O empresário solicitou cidadania italiana em função da sua descendência familiar e está estudando a língua nativa, além do inglês.
Enquanto toma providências por lá, quebra a cabeça para manter a academia – que emprega três funcionários – aberta no Brasil. Desde hoje, quarta-feira, o estabelecimento não funciona por causa da pandemia, a exemplo de praticamente todo o comércio no Estado.
A Itália vive um momento dramático. Nas últimas 24 horas, o país registrou 475 mortes por Covid-19, o pior balanço registrado pelo governo local em um dia. No mesmo recorte de tempo, os serviços sanitários confirmaram 4.207 novos casos. Ao todo, 2.978 italianos já morreram em função da contaminação – número próximo aos 3.200 da China, berço do vírus.
Brasileiros
O consulado brasileiro na Itália não entrou em contato com o empresário goiano e com muitos de seus amigos, mas a ausência de apoio da embaixada é devidamente compensada pelos laços de fraternidade da comunidade brasileira – que está se ajudando muito neste período difícil.
“A gente se ajuda muito com questão aluguel e de comida. A gente aqui tem se disposto a ajudar, a fazer vaquinha quando o outro está com necessidade. No mais, como não tem proliferação, a gente está acalentando um ao outro, sendo otimistas”, conta Roni. “Muitos brasileiros estão dependendo de resposta da prefeitura, cidadania, permissão para trabalhar. O sentimento é de solidariedade para suportar a crise”.
Roni afirma que o governo da Itália isentou a população do pagamento de energia, água e luz no período da quarentena – o que parece impossível de acontecer no Brasil. Os mercados da sua cidade funcionam normalmente, sem pânico. “Não tem faltado nada aqui, a não ser mascara, luva e álcool”. O empresário diz que na região da Lombardia, onde o vírus se alastrou com mais intensidade, a situação é mais críticas e os supermercados enfrentam desabastecimento.
Depois de se casar com Vanessa, Roni pretende voltar com ela para Itália.