Delegado se diz surpreso com pedido de arquivamento do MP no caso de médica acusada por exercício ilegal da profissão
"Decisão que inocentou ela não tem nenhuma relação com o meu flagrante, que foi homologado pelo Poder Judiciário. Iclusive o juiz arbitrou R$ 250 mil de finança"

O delegado Humberto Teófilo comentou o arquivamento, neste mês, do caso da médica Bianca Butterby, acusada de exercício ilegal da profissão e propaganda enganosa, em Goiânia, em maio deste ano. Segundo o policial civil, “a decisão que a inocentou não tem nenhuma relação com o meu flagrante, que foi homologado pelo Poder Judiciário. Inclusive, o juiz arbitrou R$ 250 mil de fiança. Ele completou: “Inclusive, ao final do inquérito, a delegada, que foi outra, a indiciou. O que me causa espanto é o pedido do Ministério Público [pelo arquivamento].”
Bianca chegou a ser presa em 20 de maio, mas foi liberada dias depois. Ao determinar o arquivamento, o juiz Inácio Pereira de Siqueira seguiu manifestação do Ministério Público de Goiás (MPGO), que apontou atipicidade da conduta e não ofereceu denúncia. Advogado da profissional de saúde, Darô Fernandes afirma que a operação foi marcada por espetáculo e exposição nas redes sociais.
Para Teófilo, “o Brasil é assim mesmo. Quem tem dinheiro para contratar um bom advogado, tem boas amizades, a investigação vai para o ralo. Se fosse um ‘quebrado’, com defensor público, sem advogado, estaria preso”. Ele reforçou que chama atenção a conduta do MP ao pedir o arquivamento. “Inclusive, a repercussão da prisão dela, que acionou o Conselho Regional de Medicina, acionou uma casta de políticos, foi um dos motivos para que eu fosse transferido para Aparecida de Goiânia. Eles pensam que a lei não pega eles e influenciaram na minha saída de Goiânia.”
A defesa e a médica negam a prática de qualquer crime e se dizem aliviados com a decisão pelo arquivamento que inocentou a profissional. Darô afirma que eles vão entrar com ações contra o Estado, contra alguns veículos de comunicação que injuriaram, difamaram e caluniaram a honra e imagem da médica e da empresa dela.
Nas redes sociais, Bianca diz que “hoje, esse documento [de arquivamento] demonstra o fim de um pesadelo. Algo que pensei que nunca fosse vivenciar”. Ainda segundo ela, “começamos uma nova era de cabeça erguida, sabendo que a medicina que eu exerço é ciência com qualidade e todos os meus pacientes saem daqui, da clínica, satisfeitos”.
Caso
Bianca chegou a ser presa em flagrante em 20 de maio, mas liberada cinco dias depois. Conforme a denúncia, à época, ela prometia emagrecimento rápido aos seus seguidores. A corporação disse, ainda, que a médica também aplicava monjauro nos pacientes, prática não autorizada.
Naquele momento, ao Mais Goiás, a defesa negou as acusações e reforçou que “Bianca é médica regularmente formada pela UFG, inscrita no Cremego, com ampla qualificação técnica e científica. Possui pós-graduação lato sensu em Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, prática clínica pelo Giorelli Nutrologia, e certificações da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) em áreas como obesidade, síndrome metabólica e bariátrica”. E ainda: “A profissional atua legalmente em clínica devidamente regularizada, não havendo qualquer indício de prática ilícita ou irregularidade administrativa que justificasse a medida extrema adotada pelas autoridades.”
Conselho Regional de Medicina defendeu a médica
Por meio de nota, também à época da prisão, o Conselho Regional de Medicina (Cremego) afirmou que a profissional e a clínica estavam regularizadas e inscritas no conselho. “Até o momento, não temos qualquer comprovação de divulgação de especialidade médica não registrada no Conselho. Ainda que isso tivesse ocorrido, a apuração ética seria de competência exclusiva do Cremego e jamais justificaria a prisão da médica.”