VERSÕES

“Denúncia caluniosa”, diz diretora sobre suposto estupro dentro de escola em Goiânia

A Polícia Civil investiga o caso e pericia celulares para saber se há vídeos do abuso, assim como aponta a vítima

A diretora do Centro de Ensino em Tempo Integral (CEPI) Severiano de Araújo, que foi afastada do cargo após suposto caso de estupro dentro da escola, disse que as denúncias são caluniosas e não procedem. Na última semana, uma coodernadora da unidade afirmou que foi dopada e abusada sexualmente no colégio. Os crimes, segundo ela, foram gravados, e os autores teriam sido a diretora e um vigia, respectivamente. A Polícia Civil investiga a situação.

Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, a diretora, que não terá o nome revelado, disse que a denúncia ‘caluniosa’ foi registrada depois do carnaval, quando o vigia já havia sido afastado da escola. A profissional conta que a coordenadora, mesmo tendo relacionamento com o vigilante, negava a relação.

“Eles terminaram e ela passou a falar para os professores que o vigilante estava querendo extorqui-la, que tinha fotos e vídeos íntimos. Queria que a acolhessêmos e assim fizemos. Mesmo assim, ela disse que não se sentia segura. Chegamos a chamar uma viatura para garantir essa segurança. Ela continuou caluniando o vigia. A todo tempo eu dizia que era algo externo à unidade escolar e que deveria ser resolvido fora do colégio”, disse.

Segundo a diretora, a profissional teria ficado insatisfeita com a resposta e “continuou tentando bagunçar a unidade”. “Ela muda de versão toda hora e são sempre histórias incoerentes. As datas que ela menciona não batem. Nada do que ela diz procede. E tudo isso é porque não atendemos aos caprichos dela. Quero que a verdade venha à tona e que minha inocência seja provada”, disse.

A diretora negou que a coordenadora tenha sofrido perseguição ou assédio dentro da unidade. Ela afirma que compareceu à delegacia de forma espontânea e entregou o celular para ser periciado. “Pedi também que a Polícia olhasse as câmeras da escola. Tenho sido hostilizada. Fui afastada do meu cargo e tive que mudar de casa. Só quero que a verdade apareça”, ressaltou.

Relembre

Uma coordenadora do Centro de Ensino em Tempo Integral (CEPI) Severiano de Araújo, na região Noroeste de Goiânia, denunciou que foi dopada e abusada dentro da unidade escolar. Segundo ela, os crimes foram cometidos em janeiro pela diretora e pelo vigilante do colégio.

Ao Mais Goiás, a vítima, que não será identificada, disse que os crimes ocorreram fora do horário do expediente, quando a equipe realizava obras na escola aos finais de semana. De acordo com ela, tais serviços ocorriam sob som alto e consumo de bebida alcóolica por boa parte dos servidores.

A mulher conta que, em um final de semana, foi dopada pela diretora da unidade. “Ela mesmo me confessou que tinha me dado bala. Eu apaguei, perdi os sentidos. Até então, não sabia do abuso. Fui descobrir mais tarde, depois de ser ameaçada pelo autor e ver vídeos do crime”, disse.

Dias depois, sem saber da existência dos vídeos, a coordenadora teve, por cerca de 15 dias, um relacionamento amoroso com o vigilante da escola, que também teve relação com a diretora da unidade. A coordenadora relata que, por notar comportamento agressivo do homem, decidiu colocar fim ao relacionamento.

De acordo com ela, após o término, o suposto autor passou a persegui-la e ameaçá-la. “Dizia que se eu não desse dinheiro, divulgaria fotos e vídeos íntimos. Eu estava tranquila, pois não tinha conhecimento do que ele tinha feito, do abuso que eu tinha sofrido”.

À reportagem, a mulher disse que além do vigilante, a diretora e outra coordenadora da escola passaram a praticar assédio moral. “Elas divulgaram os vídeos para outros professores e até mesmo para os alunos. Foi aí que descobri o que tinha acontecido. Um dos vídeos mostra que estou desacordada e que o vigilante está com o órgão sexual no meu rosto. A gravação foi feita pela própria diretora”, afirmou.

Investigação de suposto estupro dentro de escola em Goiânia

O caso foi registrado na 2ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), na região Noroeste de Goiânia. De acordo com a Polícia Civil, testemunhas já estão sendo ouvidas e os celulares dos supostos envolvidos estão sendo periciados.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que todos os envolvidos foram afastados das funções “para que não houvesse prejuízo à comunidade escolar”.

O vigilante teve seu contrato encerrado e a coordenadora e diretora foram afastadas temporariamente. A pasta disse, ainda, que instaurou uma auditoria no colégio para apurar o ocorrido.

Também por meio de nota, a unidade escolar disse que tem sofrido inverdades e calúnias pela funcionária “que não teve seus caprichos atendidos”.