Em último post no Youtube, pastor suspeito de usar fé para dar golpes fala em “mesada”
"Tudo acabou, tudo finalizou, tudo chegou ao seus devidos lugares e resta sentar a mesa e participar da mesada que o Rei preparou para nós"

O pastor Osório Júnior, indicado como líder de um grupo que utilizava a fé para praticar estelionato pelo País, pediu perdão por um equívoco no dia 14 que envolvia datas, mas não disse do que se tratava, em seu último vídeo no Youtube, em 15 de setembro. “Eu devo satisfação a vocês”, disse pouco antes de falar sobre uma suposta “mesada”.
“Para mim não tem sido fácil nos últimos dias, tem sido difícil. O trabalho tem sido ‘intensivão'”, afirma em outro trecho. “Tudo acabou, tudo finalizou, tudo chegou ao seus devidos lugares e resta sentar a mesa e participar da mesada que o Rei preparou para nós. O Senhor próprio Deus.”
Ele prometeu que voltaria em nova gravação no mesmo dia para dar instruções aos fiéis. Aquele, contudo, foi o último vídeo de Osório, intitulado “Esclarecimento”.
Vale lembrar, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu dois mandados de prisão no DF e 16 de busca e apreensão na região, mas também em Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, na quarta-feira (20). O alvo foi um grupo, também composto por religiosos, suspeito de usar a fé das pessoas para cometer estelionato, prometendo quantias surreais em troca de investimentos. Suposto líder, pastor Osório é considerado foragido.
A corporação acredita que os religiosos do DF podem ter feito mais de 50 mil vítimas pelo Brasil. Segundo a polícia, cerca de 200 pessoas fazem parte do grupo, entre elas dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores. Os investigados, conforme as autoridades, induziam as vítimas (fiéis que frequentavam a igreja deles, em sua maioria) a acreditarem que receberiam quantias surreais por meio de “bênção”. Para isso, eles investiam dinheiro com a promessa de recebimentos futuros.
A Operação Falso Profeta começou há aproximadamente um ano. Esta aponta, ainda, que a existiria uma rede criminosa estruturada e hierarquizada com divisão de tarefas, liderada pelo pastor Osório Júnior. Entre os crimes citados, estão falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica). As vítimas estariam em quase todas as unidades da federação, sendo um dos maiores golpes já investigados no País, de acordo com a PCDF.
Cerca de 100 policiais civis participaram dessa etapa da investigação. Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, houve bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e determinação da Justiça pela proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.
A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor) teve o apoio do Departamento de Polícia Especializada e das Polícias Civis dos estados de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Mais sobre o golpe
Os supostos golpistas, explica a PCDF, enganavam os fiéis pelas redes sociais, abusando da crença deles. Para convencer as vítimas, a maioria evangélica, a investir as economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos sociais, os investigados prometiam retorno imediato de grandes valores.
Entre os casos, a Polícia Civil divulgou a promessa de investimento de R$ 2 mil para receber 350 bilhões de centilhões de euros – sim, este valor absurdo e completamente irreal. Os suspeitos utilizavam pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada simulando serem instituições financeiras digitais (bancos falsos). Eles ainda faziam contratos com as vítimas para dar mais veracidade ao golpe, que prometia quantias inimagináveis por meio de títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Conforme apurado pelas autoridades, foram identificadas aproximadamente 40 empresas fantasmas e de fachada, mais de 800 contas bancárias suspeitas e movimentação acima de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos. Um suspeito de envolvimento no grupo foi preso em dezembro passado, quando utilizou um documento falso em um banco na Asa Sul, mas o grupo continuou os golpes, mesmo ele sendo o principal digital influencer da organização.
O organização criminosa, como mencionado, seria liderada pelo pastor Osório José Lopes Júnior, considerado foragido. Saiba mais AQUI.
