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Estudantes da UFG desenvolvem tinta ecológica à base de água, cola e solo reaproveitado

Estudantes do curso de Ciências Ambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram uma tinta…

Estudantes do curso de Ciências Ambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram uma tinta ecológica à base de água, cola e terra. O diferencial do projeto, como explica a coordenação, é o reaproveitamento dos solos que seriam descartados. A  iniciativa tem o objetivo de ajudar famílias de baixa renda a terem as fachadas das residências coloridas. São mais de 30 cores diferentes da tinta, que usa apenas a diversidade de solo para conseguir o pigmento.

Segundo a coordenadora do projeto Tintas Matiz, a geógrafa Andrelisa Santos de Jesus, a tinta não é tóxica, não possui odor, é de fácil aplicação, seca rápido e tem longa duração. O produto possui resistência ao sol e à chuva, então pode ser aplicado em áreas abertas. Além de ser ecológico, o produto possui valor muito mais acessível que as tintas industriais de segunda linha. O resultado da cobertura pode ser equiparado às tintas de primeira linha encontradas no mercado. Uma lata de 3,6 litros da tinta ecológica custa R$ 25, enquanto a mesma quantidade de uma tinta comum pode custar mais de R$ 100.

“A gente não faz exploração de solo para a produção da tinta. Nós usamos solos que estavam destinados ao descarte, como os de construção civil. A princípio, qualquer solo q não esteja contaminado está apto a se tornar tinta, entretanto,  o solo argiloso reage melhor ao composto. A ideia não é nossa, os homens das cavernas já usavam o solo como pigmento, como é possível ver nas pinturas rupestres. Mas nós trouxemos o diferencial de reutilização de solos que seriam descartados”, explica a geógrafa.

O projeto já beneficiou a comunidade goianiense, que teve contato com a aplicação gratuita do produto nas fachadas. Até o momento, mais de 10 residências do Setor Crimeia Leste e Residencial JK já foram contempladas. “A gente não cobra nada quando pintamos, fazemos isso graças a patrocínio de padrinhos do projeto. Mas as pessoas que têm interesse em adquirir a tinta podem entrar em contato com a Empresa Júnior Gaia, da UFG, que reverte todos os lucros para a produção dessa tinta para pessoas de baixa renda”, salienta.

(Foto: Andrelisa Santos / Arquivo Pessoal)

(Foto: Andrelisa Santos / Arquivo Pessoal)

De acordo com Andrelisa, o Tintas Matiz rendeu aos alunos o prêmio de primeiro lugar na categoria social da 6ª Olimpíada de Empreendedorismo Universitário da UFG. A professora é mentora dos estudantes Aline dos Santos Oliveira, Clarisse dos Santos Rodrigues, Igor Boson Schetine e Luíz Henrique de Oliveira Leite, todos membros da Empresa Júnior Gaia.

“A satisfação em ver a concretização do projeto é incrível, sem comparações. As pessoas pensam que estamos brincando com terra, mas há muito envolvimento da ciência com o projeto. Essa iniciativa é muito importante pois trata da reutilização do solo, que é recurso não renovável e muito importante para a vida humana”, declara.

O próximo passo é conseguir aumentar a escala de produção de tinta para que mais pessoas de baixa renda consigam ter as fachadas coloridas.

“O nosso sonho é que nenhum solo que passe pelos laboratórios da Universidade sejam descartados de qualquer forma, mas que sejam reutilizados e virem tinta. Nosso projeto acredita que responsabilidade socioambiental é dever de todos. Nosso objetivo é colorir vidas com tintas feitas com solo de descarte”, conclui.

(Foto: Andrelisa Santos / Arquivo Pessoal)

(Foto: Andrelisa Santos / Arquivo Pessoal)

*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira