Combinado não sai caro

Família de fazendeiros que doaram terras para construção de Goiânia terá direito a pagamento

Depois de 86 anos, os herdeiros do casal de fazendeiros que doou as terras para…

Depois de 86 anos, os herdeiros do casal de fazendeiros que doou as terras para a construção de Goiânia finalmente poderão receber o que lhes é devido. A decisão é do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o cumprimento de um acordo firmado entre Pedro Ludovico Teixeira e o casal de fazendeiros Andrelino Rodrigues de Morais e Bárbara de Souza Morais.

O governo do estado de Goiás deverá ressarcir os descendentes dos fazendeiros com o valor equivalente a 34,8 mil m² de área. Isso porque o então interventor não cumpriu o combinado da época. O processo judicial teve início em 1952, chegou a ficar 10 desaparecido e é o mais antigo do Brasil.

Entenda o caso

De acordo com a neta mais velha do casal, Alba de Morais Castro Borges, quando o então interventor do estado de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira chegou à região, em 1933, escolheu as terras de Andrelino e Bárbara para construção da cidade. O motivo seria o fato delas serem planas e terem água em abundância.

Os donos da propriedade concordaram com a doação de um terreno de 50 alqueires goianos. O centro da área é onde fica o Palácio das Esmeraldas e ela se estendia da Avenida Anhanguera até a Praça do Cruzeiro. Ficou acertado que, em troca, eles receberiam o equivalente a um alqueire goiano (48,4 mil m²). Essa área deveria estar nos arredores do Palácio da Esmeraldas.

O problema é que o acordo não foi cumprido. Por causa disso, um novo acerto foi feito cinco anos depois. Ele determinava que deveriam ser doados 27 lotes à família que, somados deveriam ter 48,4 mil m².

Mais uma vez o acordo não foi feito como deveria. Em 1952, Adrelino percebeu que os lotes cedidos tinham um total de 13,6 mil m², o que corresponde a cerca de 28% do que havia sido combinado.

O fazendeiro então foi à justiça e, em 1953, o estado de Goiás foi condenado a pagar o que faltava do acordo. Houveram recursos e apelações da decisão, o que arrastou o processo até o final de 2019, quando o STJ determinou novamente o cumprimento do acordo.

O pagamento

De acordo com a Procuradoria-Geral do Estado, o governo já foi notificado da decisão, entretanto, ainda não houve ordem de pagamento. O Tribunal de Justiça irá fazer o cálculo atualizado do valor e o pagamento seguirá o regime de precatórios do órgão. Estima-se que a família do casal de fazendeiros, composta por mais de 100 descendentes , deve receber cerca de R$ 60 milhões.

Com informações de G1.