Família de Joviânia se recupera unida da covid-19
Sem praticar o isolamento social, familiares passaram coronavírus uns para os outros, mas se recuperaram. Dois idosos precisaram de internação em razão de comprometimento pulmonar

“Todo mundo foi perdendo o paladar”, afirma a designer Eduarda Rodrigues, moradora de Joviânia, município a cerca de 170 quilômetros de Goiânia. Ela, mãe, tio e avô foram infectados pelo coronavírus. Embora apenas quatro confirmações tenham sido obtidas por exames, ela e os parentes acreditam que todos, cerca de 16 pessoas, contraíram a doença por terem apresentado sintomas leves. Apesar dos riscos, todos estão bem.
Eduarda foi a primeira a sentir os efeitos da doença, no dia 11 de junho. Entretanto, por morar em uma cidade pequena não imaginou que as alterações seriam provocadas pelo vírus. Sentiu dores no corpo, teve infecção na garganta por aproximadamente quatro dias e ainda perdeu paladar e olfato por uma semana.
A mãe dela, Roberta Rodrigues, logo em seguida, passou também a sentir falta de paladar. Depois, quem percebeu falta de vigor foi o agricultor José Bento Neto, de 65 anos. Ele sentiu falta de ar e fadiga, o que o impossibilitava de ficar em pé. “Meu tio é um homem muito trabalhador. Ele não conseguia se levantar da cama. Por isso achamos muito estranho”, explica Eduarda.
Fizeram testes rápidos, que deram negativos. Mas com a insistência dos sintomas na família, procuraram um teste mais robusto, que apontou a presença do vírus em Roberta. O que ligou o alerta da família, já que o patriarca, de 91 anos, estava sob risco.
Apreensão
O tio de Eduarda foi encaminhado para um hospital de Goiânia. Ao chegar à unidade de saúde, os médicos constataram que ele estava com 40% dos pulmões comprometidos devido à infecção causada pelo coronavírus. Ele ficou isolado e recebendo oxigênio para o tratamento.
A preocupação maior era com o aposentado José Ribeiro, de 91 anos. Ele já apresentava tosse, mas não tinha sintomas tão severos quanto os do agricultor. A partir de então decidiram levá-lo ao hospital, já que é hipertenso e tem pré-diabetes. Lá, os médicos constataram que estava com 60% dos pulmões comprometidos.
“No dia que o levei não imaginei que o veria de novo”, afirma Eduarda. O próprio médico havia avisado que seria uma luta difícil. “Começamos a rezar, estávamos muito aflitos”, diz. “Ele chorava bastante ao pensar que morreria ali”, lamenta a neta.
Alta
O aposentado, de 91 anos, de forma surpreendente, respondeu bem aos tratamentos e nem precisou ser encaminhado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Recebeu alta na última sexta-feira (3), uma semana após a entrada no hospital. “Foi uma felicidade sem tamanho. Ele ainda toma oxigênio, pois a doença é muito forte, mas está bem e se recupera em casa”, alegra-se.
O agricultor, tio de Eduarda, chegou a ficar com 60% dos pulmões comprometidos, também conseguiu se recuperar.