LUTO

Família relaciona morte de menina de 13 anos a bullying e racismo na escola, em Britânia

Secretaria de Educação afirma que acolheu aluna

Com Diogo Luz

A família da adolescente Larisha Mariany Carvalho, de 13 anos, que morreu na última quinta-feira (18), em Britânia, no Noroeste de Goiás, não esconde a revolta. Eles acreditam que houve negligência do Estado, visto que a aluna do 7º ano na Escola Estadual Governador Henrique Santillo teria tirado a própria vida após ser alvo de episódios recorrentes de bullying e racismo no ambiente escolar. Em nota, a secretaria de Estado de Educação disse que “a estudante foi acolhida quando informada sobre a prática de bullying” e que se reuniu com pais e responsáveis para orientação.

Ao Mais Goiás, a família disse que a mãe da jovem procurou a direção da unidade quatro vezes para relatar as agressões. Contudo, não tiveram providências tomadas. Irmã da vítima, a atendente Maria Clara Carvalho de Jesus, 18 anos, diz que a escola também não prestou assistência ou entrou em contato com os parentes após o falecimento.

Questionada sobre o tipo de bullying que a irmã sofria, Maria revela que eram várias ofensas. “Chamavam ela de morcego, que ela tinha que estudar no teto. Também falavam que a baleia saiu do rio e chegou na escola, se à minha irmã.” Segundo ela, a situação já envolveu até um professor. “Uma vez, os meninos cortaram o cabelo dela na sala de aula e não fizeram nada. O professor riu da situação. Derrubaram ela da bicicleta na porta da escola, cortaram para a minha irmã voltar a pé para casa”, lamentou toda a violência. Ainda conforme ela, a mãe e o padrasto da vítima ainda se recuperam do ocorrido.

A escola publicou uma nota de pesar, que foi criticada nas redes sociais. “Não adianta postar nota de pesar, sendo que, no ambiente escolar, os adultos responsáveis fecham os olhos quando isso acontece dentro da própria instituição. Estudei no Henrique Santillo e, pelo visto, nada mudou. Infelizmente, teve que acontecer algo tão trágico com uma criança. Triste demais!”, disse uma pessoa.

Outra pessoa escreveu: “Quem praticou bullying contra ela sabe o que fez e que a consciência de cada um tem plena certeza de que foi contribuinte com a violência que a mesma fez contra sua própria vida, o nosso único e maior bem legitimado de inviolabilidade. Crianças! Que já são praticantes de crimes, que são coniventes com práticas de falta de conduta. Que Jesus mude o comportamento dos tais e que os pais que estão publicando para que Deus proteja suas crianças reflitam se estão educando seus filhos para que não cometam práticas como essa.”

E ainda: “Mais uma vítima de bullying, de brincadeiras de mal gosto, de pessoas que não ligam para o sentimento alheio. Que Deus conforte o coração dos familiares, dê forças e muita sabedoria para lidar com esse momento, e que a escola, tome as medidas cabíveis para prevenir o bullying, para que isso não aconteça com mais crianças do nosso município.”

Nota completa da Seduc sobre o caso da estudante Larisha

Em atenção à solicitação de informações sobre a prática de bullying em um colégio estadual da cidade de Britânia, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) esclarece:

A unidade escolar realiza, ao longo de todo o ano, ações de conscientização e combate a qualquer prática de bullying entre os estudantes. As ações são orientadas a partir de definições pedagógicas sobre como agir nessas situações;

Equipes de psicólogos e assistentes sociais estiveram presentes durante todo o ano para prestar assistência à comunidade escolar. Também foram desenvolvidas rodas de conversa e outras atividades entre os estudantes e os profissionais da educação;

A estudante foi acolhida pela gestão escolar quando informada sobre a prática de bullying, com o intuito de prestar a ela a assistência necessária;

A equipe gestora também promoveu reuniões com os estudantes e seus respectivos responsáveis no primeiro semestre do ano para orientá-los sobre a importância do combate ao bullying;

Após esse período, não houve nova comunicação de fatos relacionados a bullying na unidade escolar;

A Secretaria de Estado da Educação e todos os servidores do Colégio Estadual Henrique Santillo se solidarizam com a família da estudante neste momento de dor e luto.”