OPINIÃO

Goianos se dividem sobre beber durante crise do metanol em Goiás

Goianos relatam medo após apreensão de bebidas com suspeita de metanol, mas muitos ainda mantêm o consumo de cerveja.

O Mais Goiás foi às ruas para saber como os goianos estão reagindo após a série de apreensões de bebidas alcoólicas adulteradas com suspeita de conter metanol. Enquanto alguns consumidores dizem que interromperam completamente o consumo por medo, outros afirmam que continuam bebendo, mas com mais cautela.

O promotor de merchandising Robson Rodrigues disse que decidiu cortar o álcool desde que os casos vieram à tona. “Depois que vi a notícia, não bebi mais nada. É arriscado demais. A gente nunca sabe o que está realmente dentro da garrafa”, afirmou.

Já o Marcos Carvalho contou que não deixou a cerveja de lado, mas passou a evitar outras bebidas. “No fim de semana tomei cerveja normalmente, mas outras bebidas alcoólicas eu estou evitando”, disse.

Para o guarda civil Moisés Batista, o reflexo do medo já pode ser percebido em festas e confraternizações. “No último fim de semana fui em uma festa e percebi que as pessoas beberam menos, justamente por receio de tomar algo adulterado. O clima muda, porque todo mundo fica com um pé atrás”, relatou.

Casos suspeitos em Goiás

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol em Goiás subiu para quatro. A mais recente paciente é uma jovem de 18 anos de Senador Canedo, internada no Hospital Estadual de Urgências de Goiás (Hugo), onde passa por exames para confirmar se houve contaminação. O quadro dela não é considerado grave.

O primeiro caso registrado foi de uma jovem de 25 anos em Itapaci, no norte do estado. Ela foi a única, até agora, a receber o antídoto. Atualmente, Goiás possui 12 ampolas da medicação em estoque e já requisitou mais 50 unidades ao Ministério da Saúde. Segundo Rasível, a aplicação é feita mesmo sem a confirmação laboratorial, bastando a suspeita clínica.

Fiscalização e operação

A força-tarefa montada pelo governo estadual já apreendeu 1.087 bebidas com indícios de adulteração. Foram coletadas 82 amostras, enviadas para análise pericial que deve confirmar se há presença de metanol.

A primeira fase da operação ocorreu em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade e Senador Canedo. Segundo o subsecretário de Segurança Pública, Gustavo Ferreira, a fiscalização será contínua. O Procon Goiás informou que 43% dos estabelecimentos vistoriados foram autuados, e cinco pessoas prestaram depoimento. Os locais podem ser multados, fechados e até ter os alvarás cassados.

O secretário de Segurança Pública, coronel Renato Brum, adiantou que uma nova etapa da operação já começa nesta quarta-feira (8), por determinação do governador Ronaldo Caiado (UB).

O que é o metanol

O metanol é um álcool altamente tóxico, utilizado na indústria química e automotiva, que não deve ser ingerido. Quando consumido, pode causar sintomas graves como dor de cabeça, náusea, visão turva, confusão mental e até levar à cegueira ou à morte, dependendo da quantidade.

Entre o medo e o hábito

Apesar do medo relatado por muitos goianos, a maioria dos entrevistados pelo Mais Goiás disse que não deixou de consumir cerveja. O receio maior está em bebidas de origem duvidosa, como destilados vendidos sem rótulo ou procedência clara. A situação expõe o dilema entre tradição cultural e segurança: beber continua sendo um hábito forte, mas agora cercado por desconfiança.