DESESPERO

Homem que recebeu descarga elétrica aguarda cirurgia de emergência há 5 dias em um hospital de Goiânia

Um homem aguarda uma cirurgia de emergência há cinco dias no Hospital Estadual de Urgências…

Um homem aguarda uma cirurgia de emergência há cinco dias no Hospital Estadual de Urgências Governador Otavio Lages de Siqueira (Hugol), em Goiânia. A pedido da família, o Mais Goiás não divulgará a identidade da vítima. Ele é marceneiro, tem41 anos e recebeu uma descarga elétrica de 220 volts no domingo (10), quando encostou em um fio de energia desencapado Ele tentava retirar um refletor da residência onde morava.

A esposa, de 27 anos, disse que a família havia resolvido se mudar para uma residência maior porque os materiais e equipamentos de marcenaria ocupam bastante espaço. Na noite de domingo, o homem, acompanhado do filho de 10 anos, retornou à antiga residência para retirar um refletor de luz instalado em um poste.

O acidente

Ao tentar remover o refletor, ele não percebeu que havia um fio desencapado e recebeu uma descarga elétrica de 220 volts. Com medo de o filho também ser atingido, o homem arremessou o fio para longe, o que o fez receber outra descarga elétrica, dessa vez mais forte, ao ponto de queimar as pontas dos dedos e quebrar o braço direito em três partes. Mesmo ferido, o homem retornou para casa.

“Por medo do meu filho triscar nele e receber a descarga elétrica também, ele conseguiu a tirar o fio da mão dele e recebeu algo que fez ele quebrar o braço em três lugares. Quando meu filho viu o que aconteceu com o pai dele, ele tirou a camisetinha dele, mesmo chovendo demais, e fez tipo uma tipoia para o pai dele colocar o braço” relatou a esposa ao Mais Goiás.

“Ele tava preocupado comigo, mas a minha preocupação tava nele. A gente conseguiu entrar no carro e eu fui orando até chegar em casa. Na hora, meu papai tava tão do choque que ele ficou pulando e tentando entrar embaixo do carro” relatou o filho que presenciou o acidente.

Busca por tratamento médico

Na manhã de segunda-feira (11), o homem solicitou uma corrida por aplicativo para ir ao hospital em Trindade, cidade onde a família reside atualmente. Depois de vários cancelamentos por parte dos motoristas, ele conseguiu ir ao hospital da cidade. De lá, foi transferido para o Hugol, em Goiânia. A esposa estava em Mato Grosso a trabalho e retornou a Goiás assim que soube do acidente.

Por volta de 13h, o homem chegou ao Hugol, onde ficou dois dias no corredor do hospital com fortes dores no braço, sem tomar banho, medicado com morfina (para amenizar as dores) e em jejum pré-operatório. Além disso, o hospital não permitiu a presença de um acompanhante.

Na tarde de terça-feira (12), o homem foi transferido para um quarto, onde continua a aguardar a cirurgia – que é considerada de emergência. De acordo com mensagens do próprio paciente para a família, a pele na região da fratura está escurecendo, a infecção interna está aumentando e as dores estão indo em direção ao peito e aos pulmões.

“Meu marido trabalha com os braços, ele precisa dos braços dele. Como que uma pessoa que trabalha com isso fica quatro, quase cinco dias com o braço fraturado, sem fazer uma cirurgia? O braço dele este todo roxo e ele diz que sente um osso mexendo no outro. E se acontecer alguma coisa, como que meu marido vai fazer pra trabalhar?” questiona a esposa.

A família relata ainda que o homem não está recendo os cuidados mínimos, como auxílio para tomar banho ou para se alimentar, mesmo impossibilitado de movimentar o braço. Ele teria entrado na sala de cirurgia às 5h da manhã na terça-feira (12), mas a operação foi cancelada por causa do feriado de Nossa Senhora da Aparecida.

Quem é o paciente?

O homem é casado, pai de duas crianças pequenas e responsável por cuidar da mãe, uma idosa de 76 anos que possui problemas de varizes e dificuldade para se locomover. Além disso, é a maior fonte de renda da família.

Ele trabalhava como supervisor de empresas, mas foi demitido no início da pandemia. No auge da transmissão da Covid-19, a família contraiu o vírus, mas foi medicada e sobreviveu.

Sem conseguir um emprego, o homem decidiu montar o próprio negócio com a esposa. Então começaram a fabricar moveis de pallet. Aos poucos conquistaram clientes e o ofício virou o sustento da família.

A família mora de aluguel e tem planos de conquistar uma casa própria. “O que faz ele ficar mais doente do que já tá, é que a gente tinha muitas encomendas, muito trabalho que a gente tinha que entregar e agora não tem como mais” afirmou a esposa.

Posição do hospital

O Mais Goiás recebeu um áudio onde o médico relata que está aguardando um outro médico para realizar a cirurgia: “O doutor que resolve isso aí só vem terça e quarta no hospital, mas a gente não quer esperar até terça, a gente quer arrumar mais um Doutor para ele fazer excepcionalmente seu caso, para resolver logo. Se for fazer isso é amanhã, no final do dia, início da noite, mas a gente ainda está organizando.”

A reportagem tentou contato com o Hugol para solicitar um posicionamento do hospital, mas não houve retorno.