CARLOS DRUMMOND

Juíza usa poesia e condena filhos a cuidar da mãe, em Rio Verde

Usando trechos do poema “Para Sempre”, de Carlos Drummond de Andrade, uma juíza condenou três…

Usando trechos do poema “Para Sempre”, de Carlos Drummond de Andrade, uma juíza condenou três filhos a cuidar da própria mãe, que tem 91 anos e está doente. O caso aconteceu no município de Rio Verde, a cerca de 230 km de Goiânia.

A ação foi movida pela própria mãe, que alegou ser cadeirante e que sua única renda é o benefício da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), no valor de R$ 998,00. Além disso, ela afirmou que gasta cerca de R$ 600 por mês com medicamentos por ter problemas de visão e diabetes. Ela ressaltou também que precisa de cuidados especiais para todas as suas necessidades básicas, como higiene e alimentação.

Na decisão, a juíza Coraci Pereira da Silva determinou que duas filhas dividam o pagamento do equivalente a 40% do salário-mínimo mensalmente. O outro filho ficou responsável por manter o plano de saúde da mãe e o custeio de uma cuidadora para ela de segunda-feira a sábado. Ele também ficou responsável pelos cuidados com a idosa durante a noite. Há ainda uma quarta filha, que ficou de fora da decisão por não ter condições financeiras.

A magistrada justificou sua decisão na Constituição Federal, que afirma que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

A juíza citou o seguinte trecho do Poema Carlos Drummond de Andrade: “Fosse eu rei do mundo baixava uma lei: mãe não morre nunca; mãe ficará sempre; junto de seu filho (…)”. Ela afirmou que as mães não medem esforços para atender as necessidades dos filhos, mas que nem sempre isso é correspondido.

“Quanto aos filhos, não obstante a maioria corresponde ao amor maternal, retribuindo o carinho e atenção recebida da mãe, alguns deixam de demonstrar gratidão e, para amparar os pais na velhice e na enfermidade, precisa de imposição e não raro, cumprir seu papel com indiferença e de fora apática”, disse a juíza.